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Meio Ambiente
Sábado - 14 de Outubro de 2006 às 00:26

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Os odores de bife acebolado, curry japonês e até mesmo o de ovos podres são as primeiras coisas que alguém percebe ao entrar no laboratório do professor Takamichi Nakamoto em Tóquio.

O professor, da Escola de Engenharia do Instituto de Tecnologia da capital japonesa, está construindo uma série de máquinas e sensores que detectam e produzem centenas de odores.

Um dos dispositivos mais ambiciosos construídos pela equipe de Nakamoto é um sofisticado "gravador de odores" que pode "farejar" um objeto e então reproduzir seu cheiro usando substâncias químicas.

Se uma maça vermelha for colocada em frente ao gravador, o "nariz eletrônico" vai cheirar a maçã, analisar o odor e então montar uma receita de compostos químicos para reproduzir o cheiro.

Quando uma pessoa quiser sentir o cheiro da maçã novamente, a máquina vai misturar os ingredientes e liberar o cheiro para a pessoa que o pediu.

Dificuldades "Nosso objetivo é fazer com que todos os odores sejam reproduzidos. Então, neste caso, combinamos duas técnicas: detecção do cheiro e geração do cheiro", disse o professor Nakamoto.

No momento, o protótipo só consegue reproduzir certas fragrâncias, incluindo as de maçã, banana, laranja e limão. Mas a síntese de bilhões de cheiros diferentes ainda é problemática, segundo o professor. Não existe um número pequeno de odores "primários" a partir dos quais todos os outros podem ser criados.

Nakamoto e sua equipe precisam carregar a máquina com cerca de cem frascos de produtos químicos, escolhidos de acordo com o cheiro que se quer reproduzir. A máquina mistura tudo em concentrações variadas.

O dispositivo não mistura, necessariamente, a receita certa em sua primeira tentativa. A máquina identifica os ingredientes corretos comparando a análise do cheiro a ser reproduzido com misturas cada vez mais refinadas.

Para tanto, a máquina usa uma coleção de processadores de computadores que funcionam em conjunto de forma semelhante a um cérebro de um animal mais simples.

Indústria O sistema já está atraindo interesse da indústria de perfumes. Enquanto o professor demonstrava a máquina, dois executivos de uma fábrica de perfumes japonesa também assistiam.

No futuro um gravador de odores poderá substituir as pessoas com o olfato apurado cujo trabalho é supervisionar os perfumes nas fábricas.

A indústria de sabores também está interessada na máquina. Outro possível uso pode ser nas compras pela internet - os fregueses poderiam cheirar as mercadorias frescas antes de comprar, ou ainda ajudar médicos em diagnósticos à distância.

"Gerar cheiros de ambientes virtuais também é interessante", afirmou Nakamoto. A equipe do professor desenvolveu um jogo de computador que simula a preparação de uma receita culinária, gerando odores de acordo com a ação. O jogador sente os cheios por meio de uma máscara colocada pelo professor.

Nakamoto diz que o conceito pode ser importante para melhorar os cursos pela internet. "Por exemplo, um estudante aprendendo inglês pode encontrar a palavra maçã em inglês. Se esta palavra for apresentada junto com o cheiro, será mais fácil memorizar", disse.



A equipe também experimentou adicionar cheiro a filmes, como no caso do longa de animação A Viagem de Chihiro. Na cena em que os pais da protagonista devoram um banquete antes de serem transformados em porcos, foi liberado o cheiro de comida chinesa, tofu e um leve cheiro de chiqueiro.

Respondendo a questionário após o filme, as pessoas que assistiram afirmam ter memorizado melhor a seqüência com cheiro.




Fonte: BBC Brasil

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