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Meio Ambiente
Sexta - 13 de Outubro de 2006 às 00:30

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A mudança climática, não a provocada pelo homem, mas aquela induzida naturalmente por sutis mudanças no eixo rotacional e na órbita da Terra, causa a extinção periódica dos mamíferos, destaca um estudo que será publicado na edição de quinta-feira da revista Nature.

Ao analisar registros fósseis, os paleontólogos sempre se mostraram intrigados ao ver sinais de que as espécies de mamíferos tendem a durar cerca de 2,5 milhões de anos antes de se tornarem extintos.

Climatologistas e biólogos chefiados por Jan van Dam, da Universidade de Utrecht, na Holanda, fizeram um paralelo entre a emergência e extinção das espécies com as mudanças que ocorrem na órbita e no eixo da Terra.

A órbita terrestre não é um círculo perfeito, mas levemente elíptica, e por isto, passa por ciclos de mudança que se estendem por aproximadamente 100.000 e 400.000 anos.

Do mesmo modo, seu eixo não é perfeitamente perpendicular, mas tem uma oscilação suave, com ciclos com duração de 21 mil anos.

Além disso, o eixo terrestre, como nos dizem os livros escolares, também é inclinado, e esta inclinação também varia em um ciclo de 41 mil anos.

Estas três pequenas mudanças no padrão de movimento terrestre são relativamente pequenas se comparadas com as de outros planetas. Mas podem influenciar enormemente a concentração radioativa - de calor e luz - que a Terra recebe do sol. O efeito pode ser ampliado, causando resfriamento global, afetando os padrões de chuvas e até mesmo criando eras glaciais e latitudes mais elevadas, quando dois ou todos os ciclos chegam ao apogeu juntos.

A equipe de Van Dam acompanhou 132 espécies de fósseis de mamíferos encontrados em três sítios da Espanha, em camadas do solo que datam de 24,5 a 2,5 milhões de anos atrás.

O que eles buscavam eram os dentes fossilizados de roedores, sobretudo porque estes podem ser encontrados e identificados muito mais rapidamente do que os restos de outros animais.

Eles descobriram que as espécies de roedores foram extintas em duas ondas regulares. A primeira ocorria aproximadamente a cada 2,4 milhões de anos e a segunda, a cada milhão de anos, coincidindo com extremos nos ciclos de elipse, oscilação e inclinação.

Não foram mudanças maciças como a que varreu os dinossauros da face da Terra há 65 milhões de anos, mas um desaparecimento gradativo de espécies que não conseguiram superar a perda de hábitat ou a competição, especialmente quando começaram as eras glaciais.

Quando estes se extinguiram, outras espécies surgiram.

"Em qualquer momento dado, havia cerca de 15 espécies (de roedores)", disse van Dam à AFP. "Durante as ondas de extinção, entre cinco e seis espécies desapareceriam em um período de cerca de 100.000 anos", acrescentou.

O artigo, que será publicado na edição de quinta-feira da revista científica britânica Nature, destaca que o que se observou nas espécies de roedores também ocorreu com outros mamíferos e possivelmente com outros grupos biológicos.

O impacto astronômico "é a peça que falta no quebra-cabeça" na mudança regular das espécies, destaca.

Pesquisas anteriores também estabeleceram que o sistema climático da Terra pode ser afetado por erupções vulcânicas maciças ou pelo impacto de um asteróide ou cometa, capazes de levantar tanta poeira que o planeta passa a receber menos luz solar, afetando as espécies vegetais.

Além de fatores naturais, o sistema climático mundial e sua biodiversidade também são afetados pela queima de combustíveis fósseis.

Petróleo, gás e carvão e num nível menor, a agricultura, liberam gases de carbono na atmosfera, criando um "efeito estufa", que prende a radiação do sol, aquecendo a superfície terrestre.




Fonte: AFP

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