Dez anos após sua morte, Renato Russo segue vivo
Apesar de ter sido um artista pop com a alma punk nunca adormecida, a memória aponta uma direção específica. "A verdadeira força do Renato está na música. Os recados, as mensagens, os questionamentos estão traduzidos nas letras e o importante é essa essência", diz Dado Villa-Lobos, companheiro de Legião Urbana.
Dado acredita que, se Renato Russo estivesse vivo, não ficaria contente com a imagem póstuma criada para ele. "Acredito que se criou um estereótipo que não entrega o que ele realmente era. Felizmente ficou o que ele queria que ficasse: a música", fala guitarrista.
Fã incondicional de Renato e presidente do fã-clube oficial do Legião Urbana, Sidnei Inácio da Silva, 27 anos, concorda com o músico. "Existe uma certa manipulação da imagem dele, mas é possível correr atrás das próprias interpretações", analisa.
Vida No fim dos anos 70, Renato Russo fundou a primeira banda punk de Brasília, a Aborto Elétrico. Em 82, surgiu o Legião Urbana com letras sobre política, amor e juventude. Geração Coca-Cola, Será, Eduardo e Mônica, Pais e Filhos e Que País É Esse? são até hoje considerados hinos.
Em 1990, o cantor assumiu sua homossexualidade em uma polêmica entrevista à revista Bizz. Renato Russo morreu de Aids, mas deixou a doença em segredo até o último minuto.
"O Renato morreu há dez anos e não perdeu nada", disse o fã Sidnei da Silva. "Algumas pessoas até tentam mudar alguma coisa, mas o resultado é tardio."
Nas letras de Renato, o cantor pregava que a mudança é possível se houver persistência de lutar por aquilo que objetiva, seja o material, o espiritual ou o político. Mas antes de tentar algo é preciso mudar a si mesmo.
Para os fãs, mais que auto-ajuda, esta é uma mensagem de fé. Dado acredita que uma canção tem a força de transformar uma pessoa. "Ela é capaz de emocionar. Às vezes você ouve uma música e logo depois não é a mesma pessoa", fala o artista. Renato ainda muda seus fãs. E segue vivo.
Comentários