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Cultura
Quarta - 11 de Outubro de 2006 às 00:47
Por: Antonio Gonçalves Filho

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Há dez anos seria impensável que alguma editora brasileira apostasse num segmento então considerado um veneno de mercado: o de livros de ensaios sobre arte moderna e contemporânea. Naturalmente, algumas arriscavam lançamentos esparsos, mas foi a entrada da editora Cosac Naify, em 1996, que introduziu uma prospecção menos episódica na área, estimulando a concorrência a rastrear títulos no mercado brasileiro e internacional.

Tudo isso para formar uma bibliografia básica que atendesse à demanda crescente dos estudantes universitários de arte, arquitetura, moda e design. Com a abertura da 27ª Bienal Internacional de São Paulo, novos títulos chegam às livrarias, destinados não exclusivamente a esse público e engordando coleções lançadas por editoras como a Martins Fontes e Jorge Zahar.

Foi justamente graças ao diálogo entre as duas editoras que cresceu o número de títulos no mercado. Editor de um dos dois selos da Martins Fontes, o WMF, Alexandre Martins Fontes conta que selou com o representante da inglesa Thames and Hudson essa ponte com a Jorge Zahar. "Por se tratar de uma editora com o perfil semelhante ao nosso, foi inevitável essa aproximação", diz, comemorando o êxito crítico da Coleção A, que reúne estudos fundamentais no campo da comunicação visual. São ensaios dirigidos a iniciados sem descartar leitores pouco familiarizados com a arte contemporânea.

Animadas, outras editoras soltam balões de ensaio de excelente nível. A Iluminuras acabou de lançar Os Papéis de Picasso, título fundamental da crítica americana Rosalind Krauss. A Editora 34 assumiu o desafio de publicar em 14 volumes (já está no décimo) a coletânea A Pintura, 227 textos organizados em 1995 pela professora de Estética Jacqueline Lichtenstein. Nela, críticos, filósofos, artistas e historiadores escrevem sobre a história da pintura, da Antiguidade ao século 20. A Editora Lazuli acaba de lançar dois títulos de sua nova coleção Arte de Bolso, um sobre a pintora Tomie Ohtake e outro sobre o pintor Rubens Gerchman. A nova editora a entrar na área é a Sextante, que investe em edições como Caderno de Viagem, fac-símile de desenhos inéditos de Debret que retratam suas impressões do Brasil colonial.

A professora Glória Ferreira encontrou outro caminho para produzir obras mais baratas e de rápido consumo. A coleção Arte Mais, da Jorge Zahar, reúne pequenos ensaios de estudiosos brasileiros e não traz ilustrações. "A idéia é transpor para uma linguagem acessível textos de pesquisadores acadêmicos que jamais seriam publicados na íntegra". E foi justamente a ampliação do setor de pesquisas das universidades, complementa sua colega Cecília Cotrin, que estimulou o lançamento de livros como Escritos de Artistas, organizado pela dupla, reunião de textos escritos pelos mais representativos artistas dos anos 1960 e 1970. Um trabalho de fôlego, que exigiu oito anos de pesquisas.




Fonte: AE

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