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Politica Brasil
Segunda - 09 de Outubro de 2006 às 15:40

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O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, pretende reduzir o volume de títulos públicos com correção pós-fixada e cortar drasticamente os gastos orçamentários, disse à Reuters um dos assessores econômicos do tucano, que enfrentará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva novamente nas urnas no próximo dia 29.

Yoshiaki Nakano, que é apontado como potencial ministro da Fazenda em um eventual governo Alckmin, pretende reduzir os gastos governamentais em um volume equivalente a 3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) e reduzir gradativamente a parcela da dívida mobiliária federal em títulos com correção atrelada à taxa básica de juros da economia, a Selic.

Atualmente, essa parcela representa 42 por cento da dívida em títulos do governo federal, os chamados papéis pós-fixados.

Nakano também considera que não há necessidade de conceder independência formal ao Banco Central, já que os integrantes da diretoria colegiada do BC têm pleno espaço para adotar medidas que tenham por objetivo combater a inflação.

O economista, que é um dos responsáveis pela parte econômica do plano de governo de Alckmin, foi secretário de Fazenda do Estado de São Paulo por seis anos, período durante o qual trabalhou diretamente com o ex-governador. Nakano foi responsável pela reorganização da estrutura fiscal do Estado mais rico do país, o que lhe garante credenciais para encarar a espinhosa situação das finanças do país.

Um dos objetivos de Nakano é cortar cerca de 60 bilhões de reais em gastos anuais do governo para tentar equilibrar o Orçamento da União.

"Não vejo grandes problemas em reduzir as despesas em 3 por cento do PIB", disse Nakano à Reuters. "Com um corte grande e rápido, você pode fazer uma diferença significativa. Prefiro que isso seja feito no primeiro ano (de governo)."

No entender do economista, a burocracia brasileira tem gordura suficiente para ser cortada, o que poderia evitar que os programas sociais sejam afetados. Os contratos públicos, uma conhecida fonte de embate político, seriam racionalizados.

Eliminando o déficit fiscal, seria possível alavancar a economia, segundo Nakano, na medida em que permitiria ao governo aplicar recursos em infra-estrutura, reduzir os juros e os tributos, que respondem por 37 por cento do PIB do país.

Outras economias poderiam ser feitas se o Congresso optasse em revisar o deficitário sistema de Previdência Social.

Pelo lado do endividamento público, Nakano quer eliminar os papéis com correção atrelada à taxa de câmbio e os títulos pós-fixados.

O economista defende que o governo deve vender apenas papéis com juros prefixados em moeda corrente, "como qualquer país normal". Para ele, instrumentos exóticos minaram a estabilidade econômica do país.

Nakano acredita que o real está muito valorizado, por isso defende cortes na taxa de juros que permitiriam uma depreciação do valor da moeda, dando assim um incentivo para os exportadores. Ele evitou, entretanto, especificar qual seria a cotação ideal.

BC SEM INDEPENDÊNCIA

Nakano é contrário a encaminhar ao Congresso um projeto de lei para formalizar a independência do Banco Central, já que a autoridade monetária já tem autonomia operacional suficiente.

"Não vejo vantagem em adotar a independência formal porque na democracia você precisa atender a demanda dos eleitores e eles querem trabalho", afirmou. "Precisamos gerar crescimento com verdadeira estabilidade, o que você só pode alcançar por meio de cortes fiscais e redução do endividamento."

Ainda assim, Nakano afirmou que manteria o sistema de metas de inflação inalterado. Mas o que seria uma boa meta?

"Abaixo da média global, que é de 4 por cento", disse. O governo estabeleceu para este ano e para os próximos dois uma meta central de 4,5 por cento.

Nakano, que dirige o programa de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo, pertence a um grupo de economistas que por vezes é chamado pejorativamente de desenvolvimentistas.

Os críticos, monetaristas que controlaram a política econômica brasileira desde o início da década de 1990, afirmam que os desenvolvimentistas são muito tolerantes com a inflação. Por outro lado, o grupo de Nakano diz que a obsessão dos monetaristas com a estabilidade de preços mantiveram a expansão média da economia abaixo do patamar de 3 por cento.

Nakano se irrita com a classificação. "Eu sou mais conservador (do que os monetaristas)", disse. "Eu sou mais monetarista, fiscalista e desenvolvimentista do que todos os outros."





Fonte: Reuters

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