Lula defende que Berzoini permaneça na presidência do PT

Em entrevista a emissoras de rádio do Nordeste na manhã desta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à reeleição, defendeu a manutenção de Ricardo Berzoini na presidência do PT. Lula disse que a decisão deve ser da Executiva nacional do partido, mas não escondeu que prefere a permanência do seu ex-coordenador de campanha na presidência da legenda.

"Eu não vejo necessidade de tomar nenhuma decisão política agora, enquanto você não desvendar esse processo [da compra do dossiê]. De qualquer forma, a direção vai se reunir e eu não sei qual vai ser a decisão tomada. Eu não vejo isso [a decisão de expulsar Berzoini] ajudar nesse momento", afirmou.

Lula disse que as pessoas não devem trabalhar "na pressão das manchetes" e tomar decisões precipitadas. "É assim na família. Na família de dez pessoas, uma comete um erro, a família não pode ser sacrificada, sacrifica quem cometeu o erro. Se um pé de laranja tem uma laranja podre, você não vai cortar o pé, você vai tirar aquela que está podre", disse.

O presidente saiu em defesa do PT no episódio da compra do dossiê contra candidatos do PSDB. Disse que o partido "tem mecanismos para julgar as pessoas" e saberá aplicar penas duras aos envolvidos. "Quando houve a crise do ano passado [do mensalão] as pessoas disseram: o PT acabou, o PT acabou. Pois bem, foi a legenda mais votada outra vez. Isso é uma demonstração que o povo sabe separar o joio do trigo. Se o partido pune, quem é culpado, sabe, e a vida continua", ressaltou.

Lula voltou a afirmar que o governo federal vai atuar com transparência na apuração das denúncias sobre o dossiê. Segundo o presidente, as instituições brasileiras, como a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União, estão agindo para apurar todas as denúncias de corrupção.

"Nos governos anteriores o que era o procurador-geral da República? Era o 'engavetador' de denúncias. Quando nós entramos no governo, nós pegamos a Controladoria Geral da União que já existia desde o governo passado, mas que as pessoas não sabiam nem onde ficava a sala de quem mandava", criticou.