Lula defende Berzoini e pede cautela ao PT, que pode afastá-lo

Na mesma manhã em que o PT se reunir para decidir as punições dos envolvidos no escândalo do dossiê, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu "maturidade" e cautela de seus companheiros e disse que o afastamento do presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini, sem a conclusão das investigações, não ajuda em nada neste momento.

O parlamentar vem sendo responsabilizado por algumas correntes da legenda de ter comandado compra de informações contra políticos tucanos.

"Sou presidente da República e não posso ter interferência na decisão do PT. Não vejo necessidade de tomar nenhuma posição política enquanto não desvendar esse processo. De qualquer forma, a direção vai se reunir, mas não vejo isso ajudar em nada agora", disse Lula nesta sexta-feira em entrevista ao vivo a um "pool" de rádios de Pernambuco, Ceará e Bahia.

Ele disse que ele é "quadro" no partido, foi ex-ministro de seu governo e comandou sua campanha. O parlamentar foi afastado do comitê eleitoral após as denúncias.

A executiva do partido realiza nesta sexta-feira uma reunião para definir o destino dos membros da legenda acusados de negociar o dossiê, chamados de "aloprados" pelo presidente dias atrás.

Em função do dossiê, Berzoini foi destituído do comando da campanha do presidente Lula, que indicou Marco Aurélio Garcia, ex-assessor da Presidência, para o posto. O caso também fragilizou o deputado no comando do partido e ele deve dar explicações à Executiva sobre sua participação no episódio.

"Aprendi na minha vida a não tomar atitude precipitada. Não tem nada pior na vida do que condenar um inocente," afirmou o presidente, pedindo cautela na decisão.

Os petistas envolvidos na operação, como Valdebran Padilha, Gedimar Passos, Osvaldo Bargas, Jorge Lorenzetti, Expedito Veloso e Hamilton Lacerda —ex-assessor da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) ao governo de São Paulo—, podem ser expulsos. "Se alguém numa família comete um erro, você vai sacrificar a família toda?", questionou.

Ele lembrou do mensalão e alfinetou oposicionistas. "O PT tem uma diferença em relação a outros partidos. A diferença é que nós apuramos, os outros jogam para debaixo do tapete," disparou. "Quando houve a crise ano passado, as pessoas diziam: o PT acabou. Foi a legenda mais votada (nesta eleição). Isso demonstra que a população sabe separar o joio do trigo."