Telescópio de raios-X identifica buraco negro desafinado
Cientistas identificaram voltas e anéis no gás quente, emissor de raios-X, que permeia o aglomerado e circunda a galáxia. Essas voltas são evidência de erupções periódicas que ocorrem perto do buraco negro, e que geram mudanças de pressão no gás. Essas mudanças se manifestam como som.
"Podemos dizer que muitos sons diferentes vêm rugindo no aglomerado por boa parte da vida do Universo", disse o astrofísico William Forman, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics.
As erupções e, M87, que acontecem a intervalos de milhões de anos, impedem que o gás circundante se resfrie, acumule e dê origem a novas estrelas. Sem o aquecimento gerado pelas erupções, M87 não seria uma galáxia elíptica.
"Se o buraco negro não fosse tão barulhento, M87 poderia ser um tipo de galáxia totalmente diferente", disse outro pesquisador da equipe, Paul Nulsen. "Possivelmente, uma grande galáxia espiral, cerca de 30 vezes mais brilhante que a Via Láctea".
As erupções surgem quando o material cai rumo ao buraco negro. A maior parte da matéria é engolida, mas uma parte acaba ejetada em jatos. Esses jatos são emitidos de áreas próximas ao buraco negro - já que nada pode escapar do buraco em si - e abrem caminho pelo gás, gerando cavidades e som, enquanto se propagam.
As observações do Chandra de M87 também oferecem a evidência mais forte, até agora, de uma onda de choque produzida por um buraco negro supermassivo, sinal claro de uma potente explosão. A onda aparece como um anel de raios-X de alta energia com 85.000 anos-luz de diâmetro e centro no buraco negro.
Sons já haviam sido detectados ao redor de outro buraco negro, no aglomerado Perseu. Mas o som de M87 parece mais complexo e desafinado.
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