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Politica Brasil
Quinta - 05 de Outubro de 2006 às 15:13

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O presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta fazer do limão limonada. A disputa com o tucano Geraldo Alckmin no segundo turno, que não estava nas contas do petista, é vista agora por ele como um momento de ampliar alianças e garantir a governabiliade, se for reeleito.

Lula lembrou nesta quinta-feira que foi o PT quem propôs o sistema eleitoral de dois turnos, na Constituinte de 1997, mas o ex-ministro Ciro Gomes (PSB) destacou que, na eleição de domingo, "o povo quis nos dar uma lição de humildade".

"Na política, os momentos bons tardam, mas acabam acontecendo. O que não foi possível construir no primeiro turno, está sendo agora construído", disse Lula na manhã desta quinta-feira, ao formalizar aliança para o segundo turno no Rio entre PT, PMDB, PP, PRB, PCdoB, PSB e o PP, do senador eleito Francisco Dornelles, ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso.

Lula teve 48,6 por cento dos votos válidos, perdendo em apenas duas semanas uma vantagem de mais de dez pontos percentuais sobre os adversários nas pesquisas de intenção de voto. O acirramento da disputa na reta final gerou no mercado temores de instabilidade.

"Eu fui um dos batalhadores para que a gente tivesse segundo turno no Brasil. Me espelhava muito no que aconteceu no Chile com (Salvador) Allende", afirmou Lula, referindo-se ao presidente chileno eleito com pouco mais de um terço dos votos e deposto em 1973 por um golpe militar.

"Eu achava que, ao alguém ser eleito com 33 por cento dos votos, teria mais dificuldade de construir uma hegemonia para governar do que se fosse eleito no segundo teste (com votos da maioria absoluta)", prosseguiu Lula.

"SALTO ALTO"

O ex-ministro Ciro Gomes disse mais tarde, em entrevista, que Lula está correto ao defender um sistema eleitoral que "previne instabilidades futuras", mas preferiu destacar o impacto do resultado sobre a arrogância da campanha lulista.

"O segundo turno foi bom porque tirou um pouco o ''salto alto'', essa lição de humildade foi importante", afirmou Ciro a jornalistas no portão do Palácio da Alvorada.

"Acho que o povo queria talvez isso mesmo, esticar um pouco mais o debate, entender um pouco melhor as coisas, talvez dar uma lição de humildade a nós", acrescentou o ex-ministro, um dos porta-vozes da campanha.

"GAROTINHO"

A aliança com o candidato do PMDB ao governo do Rio, Sergio Cabral, foi o primeiro acordo eleitoral costurado por Lula, logo na manhã de segunda-feira. O acordo dependia da adesão do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que ficou em terceiro lugar na disputa local e é do partido do vice-presidente José Alencar.

Na formalização do acordo, na manhã desta quinta-feira, o fato novo foi a adesão de Francisco Dornelles, que derrotou no Rio a candidata apoiada por Lula, Jandira Feghali (PCdoB).

Em rápida entrevista depois da cerimônia, Lula evitou comentar a crise aberta na campanha de Alckmin, pela adesão do ex-governador Anthony Garotinho e sua mulher, a governadora Rosinha Matheus, ambos do PMDB.

"Eu não julgo os acordos dos meus adversários. Já tenho dificuldades de fazer os meus, não posso ficar dando palpite nos dos outros", brincou o presidente.

Ainda nesta quinta-feira, Lula participa de um ato político com Cabral numa escola da zona Sul do Rio de Janeiro.

No final do encontro no Alvorada, o vice-presidente José Alencar também brincou com o apoio de Garotinho a Alckmin.

"Eu também sou jovem, eu também sou garotinho", disse Alencar, de 75 anos, ao ser perguntado se na aliança com o PMDB do Rio não estaria faltando Garotinho.





Fonte: Terra

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