Gabeira desdenha Clodovil e mira Maluf

Deputado federal mais votado do Rio de Janeiro com 293.057 votos, Fernado Gabeira (PV) ingressa em seu quarto mandato diante de uma Câmara substancialmente renovada, em que despontam - como ocorre a cada eleição - figuras extravagantes, alheias a política, como o estilsita Clodovil Hernandez. "O Congresso sempre absorveu bem essas pessoas. Elas passam sem deixar marcas profundas. Afinal, não é a mesma coisa ser famoso e ser político. A primeira vez que o Clodovil falar no plenário todo mundo vai prestar a atenção, mas depois ele se integra normalmente".

Para Gabeira, o maior constrangimento será conviver com a presença de Paulo Maluf. "O caso de Maluf é mais problemático. Expulsamos deputados que receberam R$ 15 mil na máfia das ambulâncias enquanto Maluf é acusado de ter desviado US$ 260 milhões". Quer formar um grupo de deputados para cobrar do Supremo Tribunal Federal mais agilidade e rigor contra deputados eleitos que estejam na mira da Justiça.

Em relação ao novo presidente, seja ele quem for, Gabeira será um "um opositor construtivo e independente". Contrário ao voto nulo, admite que ele e o PV estão próximos de optar por Alckmin, apesar do desconforto provocado pela aliança do ex-governador de São Paulo com o casal Garotinho.

Ex-petista, não vota mais em Lula. Numa avaliação da nova Câmara, que renovou 46% de seus integrantes, Gabeira diz que não conhece "metade" de seus novos pares. Segundo ele, a renovação mostra que a Câmara vem sendo ocupada cada vez por lideranças regionais. "É bom nos acostumarmos com essa presença mais acentuada desses políticos regionais. A Câmara está mais parecida com uma câmara de vereadores", diz.