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Cultura
Quinta - 05 de Outubro de 2006 às 01:52
Por: Ubiratan Brasil

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A maior feira de livros do planeta abriu suas portas esta semana, em Frankfurt, na Alemanha. Como em todos os anos, representantes das principais editoras do mundo reúnem-se durante quatro dias, iniciando ou definindo negócios que poderão resultar em vendas espetaculares. Ao mesmo tempo, alimentam as expectativas sobre o próximo ganhador do prêmio Nobel de literatura, que deverá ser divulgado em alguns dias. O diretor da feira literária, Jürgen Boos, ressaltou que a educação é a chave para o setor editorial, o que motivou a mostra a dedicar novos foros e atividades ao tema.

A luta contra o analfabetismo funcional na Alemanha e as atividades em torno da Índia, que este ano é o país convidado, são os dois principais aspectos do programa. Boos reconheceu que, apesar disso, o aspecto central da feira continuará sendo o contexto econômico do setor editorial que, segundo os números, parece gozar de boa saúde.

"A feira é um reflexo do que acontece no setor. Todos os pavilhões foram vendidos, a área de exposição cresceu 4% e temos 7.272 expositores, o maior número já registrado, provenientes de 113 países", disse Boos. O momento, segundo informações do setor, é animador. Presidente da União Internacional de Editores, a argentina Ana María Cabanellas, ressaltou que os negócios do setor editorial chegaram a 69 bilhões de euros, superando o faturamento da indústria de venda e aluguel de vídeos, CDs, jogos de computador e produtos musicais pela internet.

"Somos a indústria criativa por excelência", disse ela, deixando para trás os temores da última década, quando os novos meios chegaram a ser considerados uma ameaça para a indústria editorial. O problema, porém, está na distribuição desigual. "Um terço de todos os livros são publicados no mercado americano, um terço na Europa e um pouco menos que isso na Ásia do Pacífico", disse Ana María. "Todas as outras regiões, ou seja, as editoras do mundo árabe, a indústria editorial africana ao sul do Saara e da América Latina, tomadas em conjunto, ficam com apenas 5%."

Mesmo sem considerar os números totalmente seguros, especialmente em relação à América Latina, onde é possível que se esteja publicando mais do que as estatísticas revelam, Ana María Cabanellas disse que é preciso "admitir que há regiões no mundo nas quais a cultura do livro praticamente não existe".

A editora argentina lamentou que em algumas partes do mundo, incluindo parte da América Latina, esteja acontecendo uma espécie de "desertificação cultural". Também fez críticas à atuação de alguns governos, com o aumento da atividade editorial do Estado às custas das editoras privadas e a tolerância com a pirataria. "No México, as editoras piratas publicam mais livros que o Estado e a indústria editorial juntos", disse, com base em informações das editoras mexicanas.

Há, porém, boas notícias como o crescimento do mercado na Argentina, o que aumenta a especulação de o país ser o próximo convidado depois da Catalunha, confirmada para 2007. Este ano, a Índia ganhou um amplo espaço no programa da feira, com mais de 70 autores presentes que representam boa parte dos 24 idiomas falados no país.

Os organizadores aguardam, ainda, a divulgação do novo prêmio Nobel de literatura, que não acontecerá antes do dia 12. Como de hábito, as especulações apontam para diversos nomes, entre antigos e novos favoritos.

Na bolsa de apostas, o turco Orhan Pamuk aparece à frente, seguido do sírio Adonis, do polonês Ryszard Kapuscinski, e dos americanos Joyce Carol Oates, Philip Roth e Bob Dylan. Correndo por fora, mas com chances significativas, aparecem o peruano Mario Vargas Llosa, o israelense Amos Oz, o mexicano Carlos Fuentes, o sul-coreano Ko Un e o holandês Cees Noteboom. "O que parece certo é a preferência por uma literatura de testemunho", disse Jonas Axelsson, da Bonnier, uma das principais editoras suecas.




Fonte: AE

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