Governos deveriam proibir violência contra crianças, diz estudo da ONU
Apenas 16 países proibiram a punição física doméstica e cerca de 100 carecem de regras para deter a prática em escolas, alertou o estudo, que deverá ser apresentado na Assembléia Geral da ONU, em 11 de outubro.
"Bater e surrar são práticas padrão" contra jovens em escolas de muitos países, destacou o documento.
Em ambientes institucionais, tais como orfanatos onde vivem pelo menos sete milhões de crianças em todo o mundo, a punição corporal é permitida em 145 países.
"A violência contra crianças acontece em toda parte, em qualquer país e sociedade e em todos os grupos sociais", alertou o estudo.
O documento pede que cada país adote uma estratégia nacional para conter a violência contra as crianças com legislação, uma agenda clara e metas a serem alcançadas.
"A violência contra crianças não é inevitável", disse Catherine Le Gales-Camus, vice-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Precisamos agir para a prevenção e o apoio das vítimas porque sabemos que isto funciona", afirmou.
Em todo o mundo, quase 53.000 menores até 17 anos foram vítimas de homicídio em 2002, segundo o estudo. Só nos países ricos, 3.500 menores abaixo dos 15 anos têm morte violenta a cada ano.
Em 16 países em desenvolvimento citados no estudo, de 20% a 65% das crianças em idade escolar disseram ter sido vítimas de violência verbal ou física nos 30 dias anteriores à consulta.
"As crianças também sofrem quando testemunham a violência", lembrou Marta Santos Pais, diretora do centro de pesquisas Innocenti, do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
A pesquisa da ONU calculou que 275 milhões de crianças testemunham a violência familiar a cada ano, e a experiência tem um impacto negativo a curto e longo prazos em seu desenvolvimento.
O estudo também destacou que 14% das meninas e 7% dos meninos sofreram abuso sexual, embora os números tenham subido para 36% e 29%, respectivamente, em alguns países.
Mais de 1,8 milhão de meninas em todo o mundo também são envolvidas na prostituição.
Ao analisar a violência no trabalho, o estudo destacou que 5,7 milhões de menores foram empurrados para trabalhos forçados e 1,2 milhão foram vítimas do tráfico de seres humanos.
Um milhão foi parar em prisões, segundo a pesquisa, que pediu o fim das penas de prisão perpétua e de morte contra menores.
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