Lula e Alckmin começam a consolidar apoios

Passadas a euforia, a ressaca, as entrevistas e as análises do que aconteceu na votação do dia 1o de outubro, os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) colocaram o time em campo e costuraram os primeiros acordos com vistas ao segundo turno das eleições presidenciais, no dia 29.

Com a necessidade de interromper a curva ascendente de Alckmin, Lula teve agenda mais intensa, que começou cedo, com a visita ao Palácio da Alvorada do governador eleito da Bahia, Jaques Wagner.

Com o prestígio em alta pela vitória que interrompeu 16 anos de domínio do grupo de Antonio Carlos Magalhães, na Bahia, Wagner será peça importante na engrenagem da campanha de Lula no segundo turno.

Na quarta-feira, Wagner estará à frente de uma reunião com os governadores aliados eleitos para traçar a estratégia da campanha. Participarão da reunião Marcelo Déda (PT), de Sergipe; Cid Gomes (PSB), Ceará; Wellington Dias (PT), Piauí; Eduardo Braga (PMDB), Amazonas; e Binho Marques (PT), Acre.

Lula busca ainda apoio dos governadores do PMDB Paulo Hartung (ES) e Marcelo Miranda (TO), reeleitos no domingo, e tentará uma aproximação com André Puccinelli, que derrotou o petista Delcídio Amaral em Mato Grosso do Sul.

A campanha de Lula decidiu também investir pesadamente em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, segundo e terceiro maiores colégios eleitorais do país, respectivamente.

O ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia (PTB), vai tirar férias nas próximas duas semanas para reforçar a campanha no interior de Minas e terá o reforço dos também ministros e mineiros Patrus Ananias (PT), do Desenvolvimento Social, e Hélio Costa (PMDB), das Comunicações.

O ex-ministro Ciro Gomes (PSB), campeão de votos para deputado no Ceará, foi destacado a atuar no Rio de Janeiro. Lula ganhou no Estado o apoio do candidato do PMDB ao governo, Sergio Cabral, que se manteve neutro no primeiro turno.

Cabral foi o primeiro colocado no primeiro turno, com mais de 3 milhões de votos, e declarou que irá caminhar com Lula no segundo turno.

A decisão de Cabral dividiu o PMDB do Rio, já que o casal Garotinho, que o apóia, anunciou adesão à campanha de Geraldo Alckmin. Garotinho, no entanto, já admitiu que pode deixar o PMDB, o que poderá abrir espaço a uma liderança de Cabral.

O PMDB, com a força com que saiu das urnas, é o partido mais cortejado pelos dois candidatos. Seu presidente nacional, deputado Michel Temer (SP), que acompanhou o encontro de Rosinha e Garotinho com Alckmin, disse que o apoio do casal representa o início de uma mobilização para que os membros do partido apoiem o tucano.

Temer lidera a ala do PMDB que faz oposição ao governo Lula, enquanto os senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP) manifestaram apoio a Lula no primeiro turno.

Em relação às alianças com os outros partidos que disputaram a eleição presidencial, o cenário permanece indefinido.

Heloísa Helena, do PSOL, descartou coligações e liberou os militantes e eleitores a votarem com suas consciências. Alckmin disse que manterá contato com a senadora e considerou que há "possibilidade de ter maioria dos votos dos eleitores de Heloísa Helena".

Alckmin e Lula irão disputar acirradamente o apoio do PDT, que tem eleitorado expressivo no Rio, São Paulo e Minas. O partido decidirá na quinta-feira para que lado irá pender.

Analistas avaliam que os votos de parte dos eleitores de Heloísa Helena e Cristovam Buarque são insuficientes para decidir a eleição. Seria necessário reduzir o que classificam de taxa de alienação eleitoral, o alto índice de abstenções, votos brancos e nulos, que no primeiro turno somaram 25,16 por cento, cerca de 30 milhões de eleitores.

A coordenação nacional da campanha de Lula disse em nota publicada no site do candidato que ele "buscará, com firmeza e humildade", ganhar a confiança e o voto dos eleitores que se abstiveram, votaram branco ou nulo.