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Internacional
Terça - 03 de Outubro de 2006 às 18:23

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Atualiza com reações de Condoleezza Rice e UE///SEUL, 3 out (AFP) - A Coréia do Norte anunciou nesta terça-feira que fará um teste nuclear, numa data ainda não determinada, para reforçar seu arsenal de autodefesa diante do que considera ser uma crescente ameaça por parte dos Estados Unidos.

A declaração do regime comunista desencadeou reações de preocupação na região e em países ocidentais, em particular nos Estados Unidos, cujo governo classificou as intenções norte-coreanas de "provocação" e de "ameaça inaceitável".

"A Coréia do Norte realizará no futuro um teste nuclear sob a condição de que a segurança seja totalmente garantida", de acordo com um comunicado do Ministério de Relações Exteriores divulgado pela agência oficial norte-coreana KCNA. "A ameaça extrema dos Estados Unidos de desencadear uma guerra nuclear, as sanções e as pressões obrigam (a Coréia do Norte) a efetuar um teste nuclear, um processo fundamental com vistas a reforçar nosso poder de dissuasão nuclear, como medida de autodefesa", acrescenta a chancelaria norte-coreana, num longo comunicado com o habitual tom belicoso.

O governo japonês foi o primeiro a reagir. "Esse projeto não pode ser tolerado, já que se trata de uma ameaça à paz", declarou o ministro das Relações Exteriores, Taro Aso, citado pelas agências de imprensa locais.

O Japão tomará medidas de represália "severas" em cooperação com a comunidade internacional se a Coréia do Norte realizar um teste, acrescentou Taro Aso.

Os Estados Unidos classificaram esse anúncio de "ato provocador" e de "ameaça inaceitável" para a região e o mundo, nas palavras do porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack.

Washington "continuará trabalhando com seus aliados e sócios para desestimular um ato tão extremo e responderá da forma apropriada", acrescentou McCormack do Cairo, onde acompanha a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, em sua viagem pelo Oriente Médio.

Rice também afirmou que um teste nuclear da Coréia do Norte seria "um ato muito provocador". "A intenção da Coréia do Norte de realizar um teste nuclear não é apenas um problema para os Estados Unidos, e sim para toda a região", declarou à imprensa.

O embaixador americano na ONU, John Bolton, afirmou que submeterá o assunto ao Conselho de Segurança logo a partir desta terça-feira. A União Européia também denunciou o plano da Coréia do Norte e o classificou de "irresponsável".

Londres considerou a ambição de Pyongyang um "ato extremamente provocador" que teria "sérias conseqüências", declarou à AFP um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

A Rússia, no entanto, pediu nesta terça-feira uma "solução exclusivamente diplomática" das crises nucleares iraniana e norte-coreana.

"Partimos do princípio de que esses problemas devem se solucionar exclusivamente de maneira pacífica e diplomática", declarou Serguei Lavrov à imprensa.

A República Popular Democrática da Coréia (RPDC) "não será jamais a primeira a utilizar a arma atômica, mas (...) um povo sem poder de dissuasão confiável está destinado a uma morte trágica e a soberania do país está destinada a ser violada gratuitamente", acrescenta a chancelaria norte-coreana.

Depois de criticar novamente "as sanções viciosas" impostas pelos Estados Unidos a entidades norte-coreanas acusadas de lavagem de dinheiro, o Ministério das Relações Exteriores acusa as autoridades norte-americanas de "incrementar dia após dia a ameaça de uma guerra nuclear".

Os Estados Unidos congelaram em setembro de 2005 os depósitos de instituições norte-coreanas suspeitas de serem utilizadas para a lavagem de dinheiro em benefício da Coréia do Norte para financiar seu programa nuclear.

O regime comunista norte-coreano exige a suspensão dessas sanções como condição prévia para regressar à mesa de negociações multilaterais (Estados Unidos, as duas Coréias, China, Japão e Rússia).

Em 19 de setembro de 2005 foi alcançado um acordo pelo qual o regime comunista se comprometia a renunciar à arma atômica em troca de ajuda no setor energético e de garantias de segurança. Mas depois a Coréia do Norte se retratou, afirmando que não renunciaria ao seu programa nuclear até obter a suspensão das sanções norte-americanas.

O Ministério das Relações Exteriores norte-coreano está convencido de que os Estados Unidos querem "desencadear uma segunda Guerra da Coréia" e considera que a prova é "a declaração de guerra lançada de fato contra a RPDC durante a adoção de uma resolução malvada" pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em 15 de julho.

A resolução, adotada por unanimidade, condenou os disparos de mísseis norte-coreanos de 5 de julho.

Nessa ocasião, a Coréia do Norte lançou sete mísseis, incluindo um capaz de atingir o Alasca. Todos os mísseis caíram no Mar do Japão.

A crise sobre as atividades nucleares norte-coreanas foi desencadeada em 2002 por declarações norte-americanas acusando Pyongyang de ter lançado um programa de enriquecimento de urânio em violação de um acordo bilateral de 1994.





Fonte: AFP

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