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Internacional
Terça - 03 de Outubro de 2006 às 10:40

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Cada vez mais isolada no cenário internacional, a Coréia do Norte disse na terça-feira que vai conduzir o primeiro teste nuclear de sua história e responsabilizou a "ameaça de guerra nuclear e de sanções" feita pelos Estados Unidos" por sua decisão.

A nota do Ministério das Relações Exteriores da Coréia do Norte, divulgada pela agência de notícias oficial KCNA, foi considerada "inaceitável" pelo Japão e fez a Coréia do Sul elevar o nível de alerta.

O anúncio confirma as semanas de boatos de que o país comunista estava planejando um teste nuclear, e foi feito num momento em que as relações da Coréia do Norte com o resto do mundo ainda estão abaladas pelos testes com mísseis realizados pelos norte-coreanos em julho.

"A ameaça extrema dos EUA de guerra nuclear, de sanções e de pressão obrigam a DPRK (Coréia do Norte) a conduzir um teste nuclear, um processo essencial para reforçar o dissuasor nuclear, e uma medida equivalente de defesa", disse a nota.

Mas o texto acrescentou que a Coréia do Norte jamais usará armas nucleares primeiro, e que fará "o máximo para concretizar a desnuclearização da península e impulsionar o desarmamento nuclear global e a eliminação definitiva das armas nucleares".

Analistas afirmam que a Coréia do Norte possui material suficiente para produzir entre seis e oito bombas nucleares, mas que provavelmente não possui a tecnologia para produzir uma bomba pequena o suficiente para caber num míssil.

O objetivo da ameaça de Pyongyang é possivelmente tentar obrigar os Estados Unidos a conversar diretamente com o país e a encerrar a ofensiva financeira contra contas bancárias norte-coreanas, afirmam especialistas.

O novo premiê do Japão, Shinzo Abe, disse que qualquer teste nuclear por parte da Coréia do Norte será inaceitável. "A Coréia do Norte precisa se dar conta de que, se não responder à preocupação da comunidade internacional, sua situação só vai piorar", disse ele a repórteres.

As autoridades chinesas não fizeram comentários imediatos sobre a ameaça.

As duas Coréias, a China e o Japão participavam junto com a Rússia e os Estados Unidos de negociações que tentam convencer Pyongyang a pôr fim a seu programa nuclear. Mas, há quase um ano, a Coréia do Norte abandonou as negociações e se recusa a voltar enquanto os EUA não encerrarem o embargo financeiro.

A Coréia do Norte quer que os EUA negociem diretamente com ela, mas Washington rejeita essa possibilidade enquanto os norte-coreanos não voltarem à mesa de negociação formada pelos seis países.

"A Coréia do Norte acha que não tem outra opção que não pressionar os EUA a manter negociações bilaterais com ela. A Coréia do Norte não tem nada a perder conduzindo um teste nuclear", disse Chang Myung-soon, especialista nas Forças Armadas norte-coreanas.

"Eles não se importariam se seu povo passasse fome por causa do endurecimento das sanções econômicas, e um ataque militar contra a Coréia do Norte seria muito difícil, por causa da oposição da Coréia do Sul, da China e da Rússia", disse ele.





Fonte: Reuters

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