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Plano de Alckmin é focar escândalo e colar em aliados
A campanha de Geraldo Alckmin à Presidência da República entrou em "velocidade de cruzeiro", pelo menos no ânimo de aliados. Três diretrizes foram definidas para vencer a eleição de 29 de outubro: associar Alckmin a nomes fortes que disputam o segundo turno nos Estados; não perder a "rabeira" do escândalo do dossiê e evitar discutir os oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso.
Nessa linha, Alckmin será cada vez mais apresentado como um candidato de propostas e insistirá na tecla de que seu adversário é um postulante de "retrovisor", que não está preparado para discutir futuro. Assim, ficaria cada vez mais desvinculado de FHC.
Durante a primeira reunião do comitê após o resultado de domingo, todos avaliaram que a disputa e o crescimento de Alckmin ganharam outro ritmo. Agora, consideram que é possível catalisar as alianças locais, muitas delas até então problemáticas pela falta de perspectiva na vitória do tucano.
O primeiro passo, segundo define o presidenciável, é "suar a camisa", não a sua, dos aliados, e conquistar dois dos mais fortes cabos eleitorais do país, José Serra, eleito para o governo de São Paulo, e o governador Aécio Neves, reeleito com uma votação de 77 por cento.
Ambos têm tempo de sobra para percorrer o Brasil em busca de votos para Alckmin, pois venceram as disputas locais no primeiro turno.
Não há grandes mudanças em relação ao plano estratégico original, de crescer no Nordeste e consolidar no Sul e no Sudeste, mas o resultado das urnas reforça a necessidade de fazer muito mais do que visitas esporádicas a algumas cidades.
"Temos a preocupação de fazer mais campanha no Nordeste. Teve pouca campanha em Pernambuco e na Bahia. Onde teve campanha, teve disputa", analisou o deputado Roberto Freire (PPS-PE), um dos conselheiros da campanha.
Há 10 Estados com segundo turno. O plano é ampliar a base militante.
No encontro com a cúpula da campanha no comitê de Brasília, que poucas vezes esteve tão cheio, a avaliação geral é de que Alckmin foi além do esperado. Os locais mais críticos, que exigirão assédio maior, foram Amazonas e Maranhão, onde Lula liderou com folga.
"CAFÉ COM LEITE"
Diante da estratégia de colar em Aécio e Serra, Alckmin quer que os governadores rodem o país a seu lado pedindo votos. O mineiro já disse que aceita a incumbência de viajar ao lado do presidenciável. Serra, com um grande recall nacional por conta da eleição de 2002, é o convidado ilustre, porém o mais reticente.
Ele ainda não deu sinais de que pretende participar da caravana alckmista e não morre de amores pelo colega, adversário no início deste ano na disputa interna pela candidatura à Presidência.
Como não conseguiu ser indicado nesta eleição, Serra almeja candidatar-se em 2010, mas encontra Aécio Neves, que tem a mesma pretensão, em seu caminho. Por esses obstáculos todos, uma costura de apoio integral neste segundo turno passa pela indicação de Alckmin sobre quem terá seu apoio.
Os dois atuais governadores querem, ainda, o compromisso do colega de que não tentará, caso saia vitorioso das urnas no próximo dia 29, nenhum artifício para garantir a reeleição ou o prolongamento de mandato.
Ronda nas cabeças tucanas a conta de que, com o paulista a seu lado, Alckmin poderia abrir 15 milhões de votos no Estado de São Paulo, 3,5 milhões a mais que o registrado neste primeiro turno.
Alckmin lidera no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, mas é no Nordeste sua luta mais difícil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou sua popularidade na região e não deixou muito espaço ao rival.
"Vamos agora ter uma estratégia específica para o Nordeste. Sei que não é fácil por conta dos votos do Bolsa Família, mas temos que nos organizar. Esse resultado do Nordeste, nós não podemos repetir", argumentou o senador José Jorge (PFL), vice na chapa de Alckmin, sem detalhar o teor deste plano.
Em Pernambuco, a oposição quer contar com o senador eleito Jarbas Vasconcelos (PMDB), político popular e considerado bom de voto.
A poucos dias da eleição, a cúpula da campanha julgava que teria no time um cabo eleitoral forte na Bahia, o pefelista Paulo Souto, candidato ao governo ligado ao senador Antônio Carlos Magalhães (PFL).
Mas a vitória surpreendente do petista Jaques Wagner, ao contrário do que apontavam as pesquisas, tornou ainda mais distante o sonho de ampliar votos no quarto maior colégio eleitoral do país e o maior do Nordeste, com 9,1 milhões de eleitores.
Em entrevista coletiva nesta tarde, após um pronunciamento do petista, Alckmin disse que seu partido já saiu em busca da ampliação de alianças. O PMDB, legenda tradicionalmente dividida, está na meta da campanha. O PSDB e o PFL vão apostar na ala oposicionista da sigla para fazer frente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição.
Lideranças locais também começam a ser acionadas para ajudar na disputa, sobretudo nos dez Estados em que haverá segundo turno.
CRISTOVAM E HELOÍSA
Há no horizonte estratégico do tucano o sonho de obter o apoio dos candidatos à Presidência derrotados no domingo Cristovam Buarque (PDT) e Heloísa Helena (PSOL).
A senadora já disse que não declarará voto em Alckmin ou em Lula, transformando Cristovam na peça mais cobiçada do jogo. Emissários do tucano já conversaram com o ex-petista que, por enquanto, está em cima do muro.
Ao longo da campanha, Alckmin repetiu o mantra de que chegaria ao segundo turno.
Cabeça dura, ele também bateu o pé de que o jornalista Luiz González, responsável pelo marketing político da campanha, estava fazendo o trabalho certo ao não apresentá-lo como um candidato mais agressivo. Não deve haver grandes mudanças neste quesito, apenas pequenos reparos.
Nessa linha, Alckmin será cada vez mais apresentado como um candidato de propostas e insistirá na tecla de que seu adversário é um postulante de "retrovisor", que não está preparado para discutir futuro. Assim, ficaria cada vez mais desvinculado de FHC.
Durante a primeira reunião do comitê após o resultado de domingo, todos avaliaram que a disputa e o crescimento de Alckmin ganharam outro ritmo. Agora, consideram que é possível catalisar as alianças locais, muitas delas até então problemáticas pela falta de perspectiva na vitória do tucano.
O primeiro passo, segundo define o presidenciável, é "suar a camisa", não a sua, dos aliados, e conquistar dois dos mais fortes cabos eleitorais do país, José Serra, eleito para o governo de São Paulo, e o governador Aécio Neves, reeleito com uma votação de 77 por cento.
Ambos têm tempo de sobra para percorrer o Brasil em busca de votos para Alckmin, pois venceram as disputas locais no primeiro turno.
Não há grandes mudanças em relação ao plano estratégico original, de crescer no Nordeste e consolidar no Sul e no Sudeste, mas o resultado das urnas reforça a necessidade de fazer muito mais do que visitas esporádicas a algumas cidades.
"Temos a preocupação de fazer mais campanha no Nordeste. Teve pouca campanha em Pernambuco e na Bahia. Onde teve campanha, teve disputa", analisou o deputado Roberto Freire (PPS-PE), um dos conselheiros da campanha.
Há 10 Estados com segundo turno. O plano é ampliar a base militante.
No encontro com a cúpula da campanha no comitê de Brasília, que poucas vezes esteve tão cheio, a avaliação geral é de que Alckmin foi além do esperado. Os locais mais críticos, que exigirão assédio maior, foram Amazonas e Maranhão, onde Lula liderou com folga.
"CAFÉ COM LEITE"
Diante da estratégia de colar em Aécio e Serra, Alckmin quer que os governadores rodem o país a seu lado pedindo votos. O mineiro já disse que aceita a incumbência de viajar ao lado do presidenciável. Serra, com um grande recall nacional por conta da eleição de 2002, é o convidado ilustre, porém o mais reticente.
Ele ainda não deu sinais de que pretende participar da caravana alckmista e não morre de amores pelo colega, adversário no início deste ano na disputa interna pela candidatura à Presidência.
Como não conseguiu ser indicado nesta eleição, Serra almeja candidatar-se em 2010, mas encontra Aécio Neves, que tem a mesma pretensão, em seu caminho. Por esses obstáculos todos, uma costura de apoio integral neste segundo turno passa pela indicação de Alckmin sobre quem terá seu apoio.
Os dois atuais governadores querem, ainda, o compromisso do colega de que não tentará, caso saia vitorioso das urnas no próximo dia 29, nenhum artifício para garantir a reeleição ou o prolongamento de mandato.
Ronda nas cabeças tucanas a conta de que, com o paulista a seu lado, Alckmin poderia abrir 15 milhões de votos no Estado de São Paulo, 3,5 milhões a mais que o registrado neste primeiro turno.
Alckmin lidera no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, mas é no Nordeste sua luta mais difícil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou sua popularidade na região e não deixou muito espaço ao rival.
"Vamos agora ter uma estratégia específica para o Nordeste. Sei que não é fácil por conta dos votos do Bolsa Família, mas temos que nos organizar. Esse resultado do Nordeste, nós não podemos repetir", argumentou o senador José Jorge (PFL), vice na chapa de Alckmin, sem detalhar o teor deste plano.
Em Pernambuco, a oposição quer contar com o senador eleito Jarbas Vasconcelos (PMDB), político popular e considerado bom de voto.
A poucos dias da eleição, a cúpula da campanha julgava que teria no time um cabo eleitoral forte na Bahia, o pefelista Paulo Souto, candidato ao governo ligado ao senador Antônio Carlos Magalhães (PFL).
Mas a vitória surpreendente do petista Jaques Wagner, ao contrário do que apontavam as pesquisas, tornou ainda mais distante o sonho de ampliar votos no quarto maior colégio eleitoral do país e o maior do Nordeste, com 9,1 milhões de eleitores.
Em entrevista coletiva nesta tarde, após um pronunciamento do petista, Alckmin disse que seu partido já saiu em busca da ampliação de alianças. O PMDB, legenda tradicionalmente dividida, está na meta da campanha. O PSDB e o PFL vão apostar na ala oposicionista da sigla para fazer frente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição.
Lideranças locais também começam a ser acionadas para ajudar na disputa, sobretudo nos dez Estados em que haverá segundo turno.
CRISTOVAM E HELOÍSA
Há no horizonte estratégico do tucano o sonho de obter o apoio dos candidatos à Presidência derrotados no domingo Cristovam Buarque (PDT) e Heloísa Helena (PSOL).
A senadora já disse que não declarará voto em Alckmin ou em Lula, transformando Cristovam na peça mais cobiçada do jogo. Emissários do tucano já conversaram com o ex-petista que, por enquanto, está em cima do muro.
Ao longo da campanha, Alckmin repetiu o mantra de que chegaria ao segundo turno.
Cabeça dura, ele também bateu o pé de que o jornalista Luiz González, responsável pelo marketing político da campanha, estava fazendo o trabalho certo ao não apresentá-lo como um candidato mais agressivo. Não deve haver grandes mudanças neste quesito, apenas pequenos reparos.
Fonte:
Reuters
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/271608/visualizar/
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