Pesquisa genética dá a americanos Nobel de Medicina
Fire, da Universidade de Stanford, e Mello, da Universidade de Massachusetts, realizaram pesquisas sobre um fenômeno conhecido como "interferência de RNA" - um mecanismo fundamental para controlar o fluxo de informação genética dentro de células vivas.
O RNA é uma molécula que se parece com o DNA e que tem o potencial para desativar genes que podem causar danos ao organismo.
A "interferência de RNA" já é amplamente usada como um método de estudo das funções dos genes, e pode levar a novos tratamentos para várias doenças, como câncer e infecções virais.
A entrega do prêmio - de cerca de US$ 1,4 milhão - será em cerimônia no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de Alfred Nobel, criador da láurea.
Mensageiro RNA
O genoma humano funciona enviando instruções para a fabricação de proteínas do DNA no núcleo da célula para o mecanismo sintetizador de proteína no citoplasma.
Estas instruções são transmitidas por outra forma de material genético chamada de mensageiro RNA (mRNA).
Em 1998, Mello e Fire publicaram um trabalho científico na revista especializada Nature detalhando como a interferência do RNA pode subverter esse processo - na prática, desativando genes específicos.
Pequenos fragmentos de RNA "induzem" as células a destruírem o mRNA do gene antes que ele possa produzir uma proteína.
Cientistas especulam que o mecanismo foi desenvolvido centenas de milhões de anos atrás para proteger organismos contra vírus invasores, que às vezes criam RNA duplo quando se replicam.
"Importância enorme"
Nick Hastie, diretor da Unidade de Genética Humana do Conselho de Pesquisa Médica da Grã-Bretanha, disse que o fato de o trabalho ter sido reconhecido pelo comitê do Nobel apenas oito anos depois de publicado indica como ele foi importante.
Segundo Hastie, "é pouco comum para um trabalho revolucionar completamente toda a forma como pensamos processos biológicos (...), mas este abriu todo um novo campo na biologia".
Antes acreditava-se que o RNA tinha um papel muito pequeno - na verdade, algumas pessoas achavam que ele não era nada mais do que um derivado de um processo.
O trabalho de Mello e Fire mostrou que, na verdade, ele desempenha um papel-chave na regulação dos genes.
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