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Politica Brasil
Segunda - 02 de Outubro de 2006 às 09:35

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RIO e BRASÍLIA - Uma falha de comunicação entre as torres de controle de Manaus e Brasília pode ter sido responsável pelo acidente aéreo que derrubou o Boeing 737-800 da Gol com 155 passageiros e tripulantes no norte de Mato Grosso, na última sexta-feira. Uma fonte do setor revelou ao GLOBO que o jato Legacy da Embraer, que decolara de São José dos Campos (SP) com destino aos EUA e abasteceria em Manaus, voava a 37 mil pés de altitude (dez mil metros), com autorização da torre de Brasília. Por solicitação do piloto do Boeing, a torre de Manaus teria autorizado que a aeronave da Gol subisse de 35 mil para 39 mil pés. Como as duas torres não se comunicaram, houve a colisão.

A Aeronáutica não confirmou nem desmentiu essa informação, nem a possibilidade de que o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego (Cindacta) de Manaus monitorasse o Boeing, enquanto o Cindacta de Brasília estaria responsável pelo Legacy. Através de seu centro de comunicação, a FAB informou que todos os dados relativos aos vôos dos dois aviões envolvidos no acidente foram repassados à comissão que investiga o caso, com a participação da Gol, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e de representantes da agência de aviação dos EUA (acionados por que o Legacy, embora fabricado pela Embraer, já havia sido comprado por uma empresa americana).

O especialista em aviação Ivan Sant'Ana chamou atenção para o fato de a rota usada pelos dois aviões estar localizada justamente na zona de transição entre o Cindacta de Manaus e o de Brasília.

— É uma terra de ninguém — resumiu Sant'Ana, autor de livros sobre aviação.

O presidente da Anac, Milton Zuanazzi, disse ontem que os depoimentos prestados pelos ocupantes do Legacy confirmam que houve de fato uma colisão entre as duas aeronaves. Análises preliminares mostram que o Boeing foi atingido na barriga, no motor e no leme, onde se localiza o controle hidráulico da aeronave.

Segundo Zuanazzi, o sistema anticolisão do Legacy estava funcionando perfeitamente. De acordo com ele, o aparelho foi testado antes de o jato decolar e também em sua chegada na Base Aérea de Cachimbo, no Mato Grosso, onde fez o pouso forçado após o choque com o avião da Gol. O presidente da Anac não soube dizer, no entanto, se o mesmo equipamento estava funcionando no Boeing, o que apenas a caixa-preta poderá esclarecer.

O especialista em aviação Ivan Sant'Ana levantou a hipótese de que o piloto do Legacy estivesse fazendo manobras para testar o jato recém-comprado, o que dificultaria o alerta por parte do detector.

— Ele pode ter dado uma guinada de cima para baixo ou ter feito uma manobra brusca e não ter dado tempo de o equipamento anticolisão detectar o outro avião. O piloto do Legacy pode ter abandonado o nível de vôo estabelecido para o avião — especulou.

Já para o engenheiro Gustavo Tavares da Cunha Mello, autor de tese de mestrado sobre acidentes aeronáuticos, é possível que o piloto do Legacy tenha se esquecido de ligar ou até mesmo desligado o sistema anticolisão, para voar mais alto.

— Se o sinalizador do Legacy estava desligado, o avião da Gol não o detectaria, mesmo se seu equipamento estivesse funcionando. O piloto também pode não conhecer o avião direito ou não ter tido treinamento suficiente — cogitou.





Fonte: Globo.com

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