Eleições não interrompem crise política na Hungria
Nesta segunda-feira, Guyurcsany deve pronunciar um discurso no Parlamento, em Budapeste, disse seu gabinete em comunicado. O conteúdo do discurso não foi revelado.
O ministro de Finanças do país, Janos Veres, disse que Gyurcsany deve pedir um voto de confiança ao Parlamento. Perguntado pela rádio privada Gazdasagi sobre a possibilidade, depois de uma reunião com o chefe de gobierno nesta segunda-feira, Veres respondeu: "Penso que é uma idéia bastante racional e não excluo que isso possa ocorreu a partir de esta semana".
O líder da oposição de direita húngara ameaçou organizar manifestações caso os socialistas não destituam o premier até quinta-feira.
A pressão exercida pelo presidente Laszlo Solyom e pelo principal partido de oposição, o Fidesz, se juntou às manifestações contra o governo desencadeadas no mês passado pela revelação de que Gyurcsany havia mentido ao país a respeito da situação econômica, apenas para ser reeleito em abril.
O subchefe do Fidesz, Mihaly Varga, declarou à TV pública nesta segunda-feira que o Partido Socialista (no poder) de Gyurcsany tentava minimizar a avassaladora derrota de domingo, quando perdeu as eleições locais em quase todo o país, com exceção de Budapeste. Gyurcsany se negou renunciar no domingo e insistiu que os resultados das eleições locais não podem ser considerados um referendo sobre seu governo.
No entanto, cerca de 10.000 pessoas se reuniram diante do Parlamento, em Budapeste, na noite de domingo pedindo sua renúncia.
Os grupos de extrema-direita que organizaram a manifestação afirmaram que continuarão protestando nesta segunda-feira.
As manifestações de domingo foram precedidas de grandes protestos contra o governo durante duas semanas, considerados os piores distúrbios ocorridos na Hungria desde a queda do comunismo em 1989.
Embora o líder do Fidesz, Viktor Orban, tenha afirmado que as eleições locais mostram que o povo deseja a renúncia de Gyurcsany, os socialistas disseram ter "plena confiança" no primeiro-ministro e pediram diálogo, por causa do temor de que a incerteza política cause uma crise econômica.
"A incapacidade para o diálogo não pode continuar. Deve chegar a hora da cooperação", insistiu nesta segunda-feira o presidente do Partido Socialista, Istvan Hiller.
Gyurcsany tenta se mostrar como o único político suficientemente sério para enfrentar os problemas econômicos do país.
A Comissão Européia julgou "apropriado" no fim de setembro o pacote de medidas apresentado pelo governo húngaro para reduzir o déficit público da impressionante cifra de 10,1% do PIB em 2006 para 3,2% em 2009.
O presidente Laszlo Solyom se juntou na noite de domingo aos pedidos da oposição visando à renúncia de Gyurcsany, alegando que, por causa de suas mentiras, o primeiro-ministro não goza mais da confiança popular para impor suas reformas.
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