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Politica Brasil
Segunda - 02 de Outubro de 2006 às 08:14

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Lula convocou para esta segunda-feira duas reuniões: a primeira será com os ministros que compõem a coordenação de governo, pela manhã, no Palácio do Planalto. A segunda será com o comando geral da campanha, provavelmente à tarde.

Sob o impacto da notícia de que haverá segundo turno, Lula revelou o desejo de alterar os rumos de sua campanha. Mostrou-se surpreso com o percentual de votos obtidos pelo tucano Geraldo Alckmin, acima dos 41%. Avalia que o adversário tornou-se uma ameaça concreta aos planos da reeleição.

Numa primeira análise dos resultados, o presidente atribuiu o segundo turno à exploração que os adversários fizeram do dossiêgate e à sua ausência no último debate dos presidenciáveis, promovidos pela Rede Globo na última quinta-feira.

Para Lula, suas chances dependerão das respostas que for capaz de dar às dúvidas que giram em torno daquilo que o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) chamou de "Operação Tabajara": o envolvimento de petistas lotados no comitê reeleitoral na tentativa de adquirir por R$ 1,7 milhão um dossiê contra políticos tucanos. O presidente antecipou que, no segundo turno, vai comparecer a todos os debates televisivos.

Lula acompanhou a totalização de votos no Palácio da Alvorada. Estavam com ele o vice-presidente José Alencar e os principais ministros de seu governo: Tarso Genro, Márcio Thomas Bastos (Justiça), Dilma Rousseff (Casa Civil) e Guido Mantega (Fazenda). Encontravam-se também no Alvorada o secretário particular de Lula, Gilberto Carvalho e o jornalista João Santana, marqueteiro de sua campanha.

Lula e seus auxiliares seguiram a evolução da contagem de votos com os olhos grudados num aparelho de televisão e a num terminal de computador, manejado por Gilberto Carvalho e por João Santana. Correu um primeiro calafrio pelo ambiente no instante em que o noticiário de TV revelou o resultado da boca de urna do Ibope: 50% para Lula e 50% para a soma de seus adversários.

Coube a Lula manter de pé as esperanças. Recomendou calma aos presentes. À medida que a apuração do TSE foi evoluindo instalou-se no Alvorada uma atmosfera de desânimo. Curiosamente, só o presidente esforçava-se para manter o bom-humor. Chegou mesmo a brincar. Relembrando campanhas anteriores, em que perdeu no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso (1994 e 1998), o presidente comentou, entre risos: “Eu sempre torci pelo segundo turno. Agora que eu não precisava desse desgraçado, ele veio.”

Houve um raro instante de comemoração no Alvorada. Deu-se no instante em que ficou caracterizada a vitória do petista Jaques Wagner na Bahia. Lula fez questão de discar para o seu ex-ministro. Parabenizou-o efusivamente. “Só você mesmo para desbancar a turma do Antonio Carlos [Magalhães].” O presidente elegera a Bahia como uma de suas prioridades nestas eleições. Queria dar o troca em ACM, que o vem xingando de “ladrão”. Mas nem nos seus sonhos mais remotos imaginou que Wagner triunfaria sobre Paulo Souto, o candidato de ACM, já no primeiro turno, interrompendo um predomínio de 16 anos do carlismo.

Lula recebeu um telefonema inesperado. Para surpresa dele próprio e de todos os presentes, ligou para o Alvorada o presidenciável do PDT, Cristovam Buarque, ex-petista e ex-ministro da Educação de Lula. Buarque cumprimentou o presidente e desejou-lhe sorte. Antes, Cristovam havia telefonado para Geraldo Alckmin. Combinaram de se encontrar nesta semana. O tucano quer o apoio de Cristovam no segundo turno.

O presidente recebeu, de resto, um telefonema do petista e amigo Olívio Dutra. Ex-ministro das Cidades, Olívio quis dar, em primeira mão, a notícia de que passara ao segundo turno na disputa pelo governo do Rio Grande do Sul, que disputará com a tucana Yeda Crucius. Lula já sabia.

Nos encontros que manterá nesta segunda, o presidente espera dar o norte do segundo turno. A prevalecer o seu desejo, o timbre da campanha será elevado. Deve fazer uma manifestação pública agradecendo os votos que obteve. De resto, Lula pretende priorizar a ampliação da aliança partidária que dá suporte à sua candidatura. Seu primeiro objetivo é “amarrar” o PMDB.





Fonte: Folha de S. Paulo

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