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Politica Brasil
Segunda - 02 de Outubro de 2006 às 03:50

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Em quatro horas, o comitê da campanha de Lula passou da expectativa de festa a um clima de frustração generalizada.

À medida que as projeções foram indicando uma redução na margem de vitória do petista, a casa na Avenida Indianópolis, zona sul de São Paulo, onde funciona o comitê, foi se esvaziando.

Já na divulgação da primeira boca-de-urna, que ainda indicava 50% dos votos para Lula, um militante se retirou da sala onde petistas e jornalistas se reuniam em torno da televisão dizendo "Eu não tenho coração para isso".

Dali em diante, os números só exigiriam mais do coração dos militantes. Os sorrisos de "já ganhou" foram substituídos por semblantes apreensivos, indignados.

De quem é a culpa?

"Não é possível, isso não está certo", disse um militante. "É que (a apuração) começa pelo sudeste", retrucou o outro, dando a explicação para o que esperava ser um desempenho bom apenas inicial de Geraldo Alckmin.

De quem é a culpa? Da mídia, respondiam os militantes, sem hesitação. O dirigente do PT Valter Pomar, que denunciou um conluio entre a imprensa e a oposição, chegou a dizer que "uma campanha que não teve apoio da mídia, do empresariado" não poderia ter outro desfecho. A vitória em primeiro turno, disse Pomar, teria sido algo "fantástico".

"Chegaram a dizer que o Lula disse que não tinha sobreviventes no avião", disse uma militante, indignada.

Depois de manifestada a revolta com a suposta manipulação, os militantes discutiam onde "a conta havia quebrado".

Minas Gerais, disse um, referindo-se ao avanço de Alckmin na reta final da campanha no Estado onde o tucano Aécio Neves foi reeleito com 77% dos votos. Embora Lula tenha recebido 50,80% dos votos dos mineiros - contra 40,62% de Alckmin, o PT esperava que a vantagem fosse ainda maior.

Cadeira vazia

Outra "quebra" na conta teria sido o Rio Grande do Sul, onde Lula (33,07%) perdeu feio para Alckmin (55,76%).

Alguns militantes também reconheciam o impacto negativo que a ausência do presidente no debate da Rede Globo. "O meu irmão desistiu de votar no Lula porque ele não foi", admitiu a militante que denunciara a manipulação da mídia até na cobertura do acidente do avião da Gol que caiu com 155 a bordo.

Quando o segundo turno se mostrou inevitável, permaneceram na frente da televisão três ou quatro militantes que ainda tinham sangue frio para assistir ao discurso de vitória de José Serra.

O próprio Valter Pomar comentou os perigos do clima de "já ganhou", dizendo que, a expectativa era tamanha, que a ida para o segundo turno "parece uma derrota".




Fonte: BBC Brasil

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