Repórter News - reporternews.com.br
Faltou pouco para Lula vencer, 2o turno será com Alckmin
A definição sobre o futuro presidente da República ficou mesmo para o segundo turno. O candidato-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não alcançou a maioria dos votos válidos e decidirá a disputa com Geraldo Alckmin, do PSDB, no dia 29.
"Vocês levaram a eleição para o segundo turno", disse Alckmin a militantes do PSDB. "E o segundo turno vai mudar o Brasil."
O combustível extra que alimentou o tucano e impediu a reeleição de Lula, pelo menos por ora, veio principalmente de São Paulo e Minas Gerais, onde o PSDB garantiu os governos estaduais no primeiro turno. Além disso, o primeiro é o Estado que Alckmin governou até março e o segundo foi onde ele mais concentrou esforços nesta campanha.
Do lado petista, a expectativa para a nova campanha é reforçar a comparação com os oito anos do PSDB no Palácio do Planalto, que antecederam o governo Lula.
"Agora poderemos fazer uma comparação bem nítida entre o nosso governo e o governo Fernando Henrique, debatendo propostas e idéias", afirmou o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, a jornalistas no portão do Palácio da Alvorada.
Procurando mostrar otimismo, Tarso foi o primeiro membro do primeiro escalão do governo a falar sobre o assunto depois que os números do Tribunal Superior Eleitoral confirmaram o segundo turno.
"Nós fomos vitoriosos e teremos mais trinta dias para mostrar as realizações do governo", acrescentou.
Foi o próprio presidente do TSE, Marco Aurélio Mello, quem, pouco depois da meia-noite do domingo, confirmou a realização do segundo turno.
Lula acompanhou a apuração no domingo tentando improvisar uma estratégia para a disputa em segundo turno contra Alckmin, que não estava nos seus planos.
Do outro lado, o candidato do PSDB optou pelo refúgio e discrição. Ele ficou trancado apenas com a família em seu apartamento no bairro do Morumbi, comunicando-se com assessores por telefone.
APURAÇÃO
Lula teve uma tendência de crescimento na apuração, chegando a 49,6 por cento, em parte graças à demora na apuração dos votos paulistas. Pouco antes da 22h começou a perder fôlego, sem nunca ter chegado aos 50 por cento de votos válidos mais um necessários para ser eleito no primeiro turno.
Com 99,9 por cento da apuração concluída no país, Lula tinha 48,6 por cento dos votos válidos, contra 41,63 por cento de Alckmin.
Na Região Sul, totalmente apurada, o tucano teve 54,93 por cento dos votos válidos contra 34,88 por cento de Lula.
Já no Nordeste, com 99,91 por cento apurados, o petista tinha 66,78 por cento dos votos válidos contra 26,15 por cento de Alckmin. Na Região Sudeste, com 99,96 por cento da apuração concluída, o tucano tinha 45,22 por cento e Lula, 43,28 por cento.
Só no Estado de São Paulo, um quinto do eleitorado do país, Alckmin tinha 54,20 por cento contra 36,76 por cento do petista, apurados 99,98 por cento.
Com a apuração praticamente concluída em Minas Gerais (99,99 por cento), Lula vencia com 50,80 por cento, mas os 40,62 por cento de Alckmin ficaram bem acima do que apontavam as pesquisas.
Sondagem do EM Data de intenção de voto veiculada no sábado pelo jornal Estado de Minas mostrava Alckmin com 25 por cento de intenções de voto e Lula com 48 por cento. Embora os votos válidos normalmente fiquem acima das intenções de voto apontados pelas pesquisas, o desempenho do tucano surpreendeu.
MERCADOS
A reação inicial de economistas foi de cautela, mesmo porque, para o mercado, não existem diferenças significativas entre os dois candidatos que passaram para o segundo turno.
"Nós acreditamos que nesses 20 e poucos dias, pouca coisa deve mudar no mercado. O mercado julga que se der Lula, ele vai cuidar de sua biografia... acreditamos que ele irá se afastar dos políticos do lado escuro do PT e, com isso, pode ganhar apoio, ainda que pontual, para algumas reformas", disse à Reuters Walter Machado de Barros, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-SP).
Para Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin, o segundo turno é levemente positivo para o mercado. "Mas não vai criar euforia. Tem também os fatores externos que estão pesando sobre o mercado."
CASO DOSSIÊ
Lula liderou todas as pesquisas de opinião, que apontavam sua vitória em primeiro turno até a véspera da eleição, quando os institutos mostraram a possibilidade de um segundo turno.
Analistas estimam que a candidatura do PT foi abalada pelo episódio da tentativa de compra, por petistas, de um dossiê contra tucanos. O caso ocupou o noticiário até o dia da votação e ainda foi realçado pela divulgação das fotos do 1,7 milhão de reais apreendido com os emissários petistas, que estava sob segredo de Justiça.
Também pode ter pesado nos últimos dias a ausência de Lula no debate entre os presidenciáveis na TV Globo.
VOTAÇÃO TRANQUILA
Apesar do conflito, a eleição não reproduziu a tensão entre oposição e governo na reta final da campanha.
Foi uma votação sem paixão, bem diferente das outras quatro que a antecederam após a redemocratização do país, em 1985, o que refletiu um amadurecimento do eleitorado em relação ao processo eleitoral e também uma desilusão dos eleitores, principalmente os mais identificados com a esquerda, com os rumos do governo Lula.
Se nas áreas mais nobres de grandes centros urbanos, como o bairro dos Jardins, na capital paulista, houve protestos, como narizes de palhaço distribuídos aos eleitores, nas regiões menos favorecidas, o povo se apresentou para votar com animação.
(Com reportagem de Ricardo Amaral, em São Bernardo do Campo, Natuza Nery, Carmen Munari, Marcelo Mota, Alice Assunção, em São Paulo; Cesar Bianconi e Áureo Germano, em Brasília; Mair Pena Neto, Denise Luna e Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; Fernanda Ezabella, em Salvador; Maurício Savarese, em Maceió; Renato Andrade, no Ceará)
O combustível extra que alimentou o tucano e impediu a reeleição de Lula, pelo menos por ora, veio principalmente de São Paulo e Minas Gerais, onde o PSDB garantiu os governos estaduais no primeiro turno. Além disso, o primeiro é o Estado que Alckmin governou até março e o segundo foi onde ele mais concentrou esforços nesta campanha.
Do lado petista, a expectativa para a nova campanha é reforçar a comparação com os oito anos do PSDB no Palácio do Planalto, que antecederam o governo Lula.
"Agora poderemos fazer uma comparação bem nítida entre o nosso governo e o governo Fernando Henrique, debatendo propostas e idéias", afirmou o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, a jornalistas no portão do Palácio da Alvorada.
Procurando mostrar otimismo, Tarso foi o primeiro membro do primeiro escalão do governo a falar sobre o assunto depois que os números do Tribunal Superior Eleitoral confirmaram o segundo turno.
"Nós fomos vitoriosos e teremos mais trinta dias para mostrar as realizações do governo", acrescentou.
Foi o próprio presidente do TSE, Marco Aurélio Mello, quem, pouco depois da meia-noite do domingo, confirmou a realização do segundo turno.
Lula acompanhou a apuração no domingo tentando improvisar uma estratégia para a disputa em segundo turno contra Alckmin, que não estava nos seus planos.
Do outro lado, o candidato do PSDB optou pelo refúgio e discrição. Ele ficou trancado apenas com a família em seu apartamento no bairro do Morumbi, comunicando-se com assessores por telefone.
APURAÇÃO
Lula teve uma tendência de crescimento na apuração, chegando a 49,6 por cento, em parte graças à demora na apuração dos votos paulistas. Pouco antes da 22h começou a perder fôlego, sem nunca ter chegado aos 50 por cento de votos válidos mais um necessários para ser eleito no primeiro turno.
Com 99,9 por cento da apuração concluída no país, Lula tinha 48,6 por cento dos votos válidos, contra 41,63 por cento de Alckmin.
Na Região Sul, totalmente apurada, o tucano teve 54,93 por cento dos votos válidos contra 34,88 por cento de Lula.
Já no Nordeste, com 99,91 por cento apurados, o petista tinha 66,78 por cento dos votos válidos contra 26,15 por cento de Alckmin. Na Região Sudeste, com 99,96 por cento da apuração concluída, o tucano tinha 45,22 por cento e Lula, 43,28 por cento.
Só no Estado de São Paulo, um quinto do eleitorado do país, Alckmin tinha 54,20 por cento contra 36,76 por cento do petista, apurados 99,98 por cento.
Com a apuração praticamente concluída em Minas Gerais (99,99 por cento), Lula vencia com 50,80 por cento, mas os 40,62 por cento de Alckmin ficaram bem acima do que apontavam as pesquisas.
Sondagem do EM Data de intenção de voto veiculada no sábado pelo jornal Estado de Minas mostrava Alckmin com 25 por cento de intenções de voto e Lula com 48 por cento. Embora os votos válidos normalmente fiquem acima das intenções de voto apontados pelas pesquisas, o desempenho do tucano surpreendeu.
MERCADOS
A reação inicial de economistas foi de cautela, mesmo porque, para o mercado, não existem diferenças significativas entre os dois candidatos que passaram para o segundo turno.
"Nós acreditamos que nesses 20 e poucos dias, pouca coisa deve mudar no mercado. O mercado julga que se der Lula, ele vai cuidar de sua biografia... acreditamos que ele irá se afastar dos políticos do lado escuro do PT e, com isso, pode ganhar apoio, ainda que pontual, para algumas reformas", disse à Reuters Walter Machado de Barros, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-SP).
Para Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin, o segundo turno é levemente positivo para o mercado. "Mas não vai criar euforia. Tem também os fatores externos que estão pesando sobre o mercado."
CASO DOSSIÊ
Lula liderou todas as pesquisas de opinião, que apontavam sua vitória em primeiro turno até a véspera da eleição, quando os institutos mostraram a possibilidade de um segundo turno.
Analistas estimam que a candidatura do PT foi abalada pelo episódio da tentativa de compra, por petistas, de um dossiê contra tucanos. O caso ocupou o noticiário até o dia da votação e ainda foi realçado pela divulgação das fotos do 1,7 milhão de reais apreendido com os emissários petistas, que estava sob segredo de Justiça.
Também pode ter pesado nos últimos dias a ausência de Lula no debate entre os presidenciáveis na TV Globo.
VOTAÇÃO TRANQUILA
Apesar do conflito, a eleição não reproduziu a tensão entre oposição e governo na reta final da campanha.
Foi uma votação sem paixão, bem diferente das outras quatro que a antecederam após a redemocratização do país, em 1985, o que refletiu um amadurecimento do eleitorado em relação ao processo eleitoral e também uma desilusão dos eleitores, principalmente os mais identificados com a esquerda, com os rumos do governo Lula.
Se nas áreas mais nobres de grandes centros urbanos, como o bairro dos Jardins, na capital paulista, houve protestos, como narizes de palhaço distribuídos aos eleitores, nas regiões menos favorecidas, o povo se apresentou para votar com animação.
(Com reportagem de Ricardo Amaral, em São Bernardo do Campo, Natuza Nery, Carmen Munari, Marcelo Mota, Alice Assunção, em São Paulo; Cesar Bianconi e Áureo Germano, em Brasília; Mair Pena Neto, Denise Luna e Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; Fernanda Ezabella, em Salvador; Maurício Savarese, em Maceió; Renato Andrade, no Ceará)
Fonte:
Reuters
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/271930/visualizar/
Comentários