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Politica Brasil
Domingo - 01 de Outubro de 2006 às 19:12

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Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for atrás dos motivos que o fizeram perder apoio entre a classe média alta, descobrirá que o preconceito é o menor deles, abafado por frustrações com a corrupção e os últimos quatro anos de governo.

No último comício da campanha à reeleição, realizado quinta-feira passada em São Bernardo do Campo, Lula atacou a elite dizendo haver um problema de pele contra ele, por ter sido metalúrgico.

Mas para representantes da classe média paulista, Lula se engana ao enxergar apenas uma diferença de classes.

"Eu não tenho preconceito, (a perda de apoio) não é por ser metalúrgico, é mais por ele não ter feito nada, por não ter conceitos éticos", destacou a advogada Vera Lúcia Duarte Gonçalves, de 51 anos.

Em um dos redutos da elite de São Paulo, o Shopping Iguatemi, a psicóloga Icléa Carreiro, 52 anos, lembrou que se houvesse preconceito, Lula não estaria liderando as pesquisas para a corrida presidencial.

"O que existe é o que ele mostrou agora, no governo dele, uma total irresponsabilidade (...) isso aí sim que gerou algum preconceito, preconceito por ele ter sido metalúrgico? de jeito nenhum", afirmou a eleitora.

Para o aposentado Cláudio José Rodrigues, de 63 anos, se o presidente tivesse correspondido às expectativas dos eleitores, não teria perdido apoio.

"Se a pessoa é metalúrgica ou não e fizesse as coisas bem feitas, o pessoal teria que aplaudir", disse ele.

O apresentador de televisão Otávio Mesquisa, 47 anos, foi ainda mais duro ao criticar Lula, enquanto se dirigia para a sua seção para votar, no Colégio Dante Alighieri, no Jardim Paulista.

"O preconceito que ele (Lula) tem hoje é por causa da equipe que ele formou, de um bando de corrupto", disse o apresentador.

"EU VOTEI NELE"

Outro colégio tradicional de São Paulo que recebeu eleitores da classe média alta paulista foi o Porto Seguro, no Morumbi. Lá, a especialista em estatística Regina Guimarães Ferreira, de 41 anos, defendeu-se das acusações de preconceituosa ao lembrar seu passado eleitoral.

"Eu fui eleitora dele, e ele realmente foi uma decepção. Isso daí, é desculpa que ele arruma", disse, ao referir-se ao presidente Lula.

A mãe dela, Maria da Glória Ferreira, professora aposentada de 66 anos, nunca havia votado em Lula. Mas, em 2002, tinha dado seu voto de confiança, que, segundo ela, foi quebrado.

"Uma vez que ele foi eleito, acho que eu e a maioria das pessoas torcemos para que ele desse certo, então quem arrumou o preconceito foi ele mesmo", afirmou ela.

Com 40,62 por cento dos votos apurados na Região Sudeste do país, por volta das 20h00 (hora local), Lula aparecia com 43,5 por cento dos votos válidos, enquanto que o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, aparecia com quase 45 por cento, segundo dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que mostra um eleitorado dividido e não necessariamente preconceituoso.





Fonte: Reuters

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