Brasileiros no exterior ignoram a eleição presidencial
O aparente desinteresse desses brasileiros pelo voto teria vários motivos, que vão desde a falta de entusiasmo com os candidatos até a dificuldade que muitos dos brasileiros no exterior têm em transferir os seus títulos. "Mesmo com um grande número de brasileiros vivendo fora do país, existe uma tendência da comunidade em não se cadastrar", afirmou Sayonara Dracks, chefe do Cartório Eleitoral do Exterior, que fica em Brasília. "A maioria das pessoas não faz a transferência do título e corre o risco de ter o documento cancelado, ainda que nos últimos anos nós tenhamos feito um grande esforço para aumentar o número de seções eleitorais", afirma Dracks.
"A maioria das pessoas não faz a transferência do título e corre o risco de ter o documento cancelado, ainda que nos últimos anos nós tenhamos feito um grande esforço para aumentar o número de seções eleitorais", afirma Dracks.
Desilusão Muitos brasileiros não vêem motivo para perder tempo transferindo os títulos de eleitor por não se empolgarem com os candidatos. Um deles, o programador Marcos Doppheider, que vive em Londres, se disse "anestesiado" politicamente por causa da decepção com os rumos da política no Brasil. "Tive um grande dissabor com o meu voto no Lula na última eleição, e acabei ficando anestesiado politicamente. Quem sabe em uma próxima eleição", afirmou.
Doppheider também adicionou que a burocracia o ajudou a decidir pela abstenção. "Um dia eu vou ter de acabar justificando minhas ausências. Lá eu me ocupo disso, então", disse. Raíssa Silva Siqueira, estudante, demonstrou a mesma falta de entusiasmo. "Não voto porque não temos mudanças. Não fiz questão de transferir o título", disse.
Há aqueles que até mesmo esqueceram a própria eleição, como a cozinheira Isadora Tourinho Barbosa. "Só me lembrei porque você falou e não sei como devo fazer para justificar", disse.
Voto obrigatório A população brasileira no exterior aumentou (era de 1,4 milhão de pessoas em 1997), e o governo também aumentou o número de seções eleitorais, que eram 272 há quatro anos. No exterior, só é possível votar para presidente. Na última eleição, o total de votos válidos foi de 36.034.
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