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Internacional
Sábado - 30 de Setembro de 2006 às 05:42

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O jovem líder do Partido Conservador, David Cameron, conseguiu em menos de um ano ressuscitar os "tories" com uma ousada guinada rumo ao centro do espectro político, que marcará, a partir deste domingo, o seu congresso anual.

A conferência vai até quarta-feira, na cidade litorânea de Bournemouth, no sul da Inglaterra. Seu lema é "Uma nova direção", e o objetivo é consolidar uma estratégia de futuro para recuperar o poder.

Eleito em dezembro como líder conservador, com apenas 39 anos, Cameron vai a seu primeiro congresso no cargo, após reerguer a moral de um partido condenado à oposição durante quase uma década.

Pela primeira vez em muito tempo, os "tories" começam a parecer uma alternativa viável ao Partido Trabalhista, que chegou ao Governo em 1997, pelas mãos de Tony Blair. É o que mostram as enquetes feitas no Reino Unido nos últimos meses, que dão aos conservadores uma vantagem de até sete pontos sobre os trabalhistas.

Como disse esta semana o presidente honorário "tory", Francis Maude, "o Partido Conservador começa a parecer um partido vencedor".

Cameron, cujo discurso principal no congresso está marcado para quarta-feira, também falará amanhã, na abertura. Ele adiantou que vai propor a discussão sobre "os seis grandes desafios que afetam o bem-estar geral do país e do mundo no século XXI".

Segundo o chefe do maior partido da oposição, esses desafios são "a competitividade econômica, a justiça social, os serviços públicos, o meio ambiente e a qualidade de vida, a segurança nacional e internacional, e a globalização e a pobreza mundial".

"Esses seis desafios formam o núcleo da revisão da política a longo prazo de nosso partido", ressalta o líder "tory".

Com este programa, Cameron procura se afastar da imagem de Margaret Thatcher, a famosa "Dama de Ferro", que governou o país entre 1979 e 1990 com um perfil fortemente associado à direita.

Ao contrário de Thatcher, Cameron aposta nos serviços públicos, numa estabilidade econômica que leve ao bem-estar geral, na luta contra a exclusão social e no cuidado com o meio ambiente.

A guinada rumo ao centro se consolidou no documento "Construir para durar", aprovado este mês pelas bases do partido com 92% de apoio. No entanto, só 26,7% dos quase 250 mil filiados votaram.

A baixa participação projeta uma sombra de dúvida sobre o verdadeiro apoio às idéias modernizantes de Cameron.

O congresso de Bournemouth se apresenta, assim, como um autêntico "exercício de marketing" para vender uma imagem positiva dos "tories", segundo o professor Patrick Dunleavy, da London School of Economics.

A imagem preocupa tanto Cameron que ele mudou inclusive o histórico logotipo introduzido por Margaret Thatcher. A bandeira britânica em forma de tocha foi substituída por um arbusto verde com um tronco azul, unindo o novo interesse ecológico do partido à cor tradicional dos conservadores.

Por enquanto, o chefe "tory" parece confiar nas pesquisas de opinião como a publicada recentemente pelo jornal "The Guardian", na qual os britânicos consultados disseram que Cameron seria melhor chefe de Governo que o atual ministro da Economia, Gordon Brown, considerado o sucessor natural de Blair.

A má notícia talvez seja que 42% dos eleitores ainda não têm uma opinião formada sobre ele, segundo outra pesquisa de opinião divulgada este mês pela empresa Mori.

Como as próximas eleições gerais serão entre 2009 e 2010, Cameron ainda tem, segundo Francis Maude, "uma grande montanha para subir", mas já "está avançando".





Fonte: EFE

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