Lula de novo, com a força do povo
Não estou no muro. Voto no Lula. Independente disso, avalio que ele tem mais chances de vencer no primeiro turno, do que o contrário, por alguns motivos:
1) Foi um governo mais popular que o do PSDB. Ampliou os programas sociais e conseguiu se vender como o “pai dos pobres”.
2) A crise ética que seu governo viveu não é muito diferente das crises de outros governos. Fernando Henrique, pra ficar no último, também teve suas crises.
3) O que mudou essencialmente foi a forma de lidar com elas. Antes, abafava-se os escândalos com mais habilidade política e muitas vezes com o uso da força da máquina. Com Lula, mais por inabilidade do que por conveniência, os escândalos ganharam vazão. E o presidente conseguiu se descolar da maioria deles, dando a impressão que não compactuava com nada daquilo, punindo de alguma forma os envolvidos.
4) Na hora de fazer sua opção, o eleitor pesa essas questões, e, no raciocínio simplista das massas, avalia que problemas de ordem ética todos têm; agora, ações efetivas para melhorar a vida das pessoas simples, isso o Lula fez mais que os outros.
Leve-se em conta, ainda, que a frustração dos setores médios e da intelectualidade com o Lula foi arrefecendo na medida em que as forças progressistas não conseguiram produzir um projeto alternativo ao Lula, que continua sendo a principal referência da esquerda no Brasil, e uma das principais do mundo. Logo, votar em Alckmin seria, por esse entendimento, dar um passo atrás.
Quanto ao último e mais recente escândalo, ou Dossiêgate, é preciso entender algumas características também.
A primeira é que o fato não chega a ser tão relevante no olhar da massa. Dossiê contra candidato faz parte da cultura eleitoral brasileira e ocidental, particularmente a americana. O próprio Lula foi uma vítima recorrente deles. Então, o que poderia trazer algum prejuízo maior seria a constatação de uma origem duvidosa do dinheiro, o que não houve até o momento. E mais, no mérito, quem deve explicações sobre o caso é o PSDB, afinal, o dossiê provaria a ligação dos tucanos com o esquema dos sanguessugas.
A segunda é que o tempo para a repercussão do escândalo pode não ser suficiente para que o conjunto do país o assimile e forme um juízo. Contrário ao governo. Quem mais está esperneando são os anti-Lula. Esses já não votariam nele mesmo. É o que mostra, por exemplo, a pesquisa CNT/Census, divulgada ontem: metade dos entrevistados não sabe do que se trata, e apenas 3,7% admitiram mudar de voto por causa do caso dossiê.
SENADO – Agora, peço licença aos meus leitores para fazer uma declaração de voto. Nunca dei um voto tão entusiasmado e tão consciente num candidato como farei este ano na Professora Janete para o Senado. Janete é uma velha militante dos movimentos populares, tendo sempre se destacado pela forma graciosa e terna de lidar com os companheiros e com os problemas. Com pouco mais de 1,60m de altura, sua estatura, na verdade, está no alcance de sua visão, na firmeza de suas posições e na solidez de seu caráter. Pode não vencer a eleição, mas já é uma vitoriosa ter podido mostrar a Mato Grosso que alguém do povo, que vive de salário, pode chegar tão longe, sem abrir mão de seus princípios.
(*) KLEBER LIMA é Jornalista, Consultor Político filiado à ABCOP (Associação Brasileira de Consultores Políticos), e Consultor de Comunicação da KGM SOLUÇÕES INSTITUCIONAIS. kleberlima@terra.com.br e www.kgmcomunicacao.com.br.
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