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Politica Brasil
Quarta - 27 de Setembro de 2006 às 01:35
Por: Renata de Freitas

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O candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, aproveitou o primeiro debate televisivo a que compareceu o opositor José Serra (PSDB), para explorar denúncias sobre o envolvimento do empresário Abel Pereira, ligado ao prefeito tucano de Piracicaba e ex-ministro da Saúde, Barjas Negri, no esquema dos sanguessugas. Negri foi secretário-executivo do Ministério da Saúde na gestão de Serra e o substituiu na pasta em 2002.

Mercadante apontou que a Polícia Federal abriu investigação contra o empreiteiro Abel Pereira, que também teria conquistado 40 por cento das obras realizadas na administração de Barjas Negri na cidade do interior paulista.

"Todos os indícios são de que ele estava tentando comprar o silêncio da família Vedoin", afirmou o senador no primeiro dos quatro blocos do debate da TV Globo.

Os comentários de Mercadante não foram suficientes para arrancar reação imediata de Serra, e a quase totalidade do debate de mais de duas horas centrou-se em propostas de governo.

Apenas nos comentários finais, Serra, à frente nas pesquisas de intenção de voto, mencionou o caso do dossiê. "Se tentou armar um grossa baixaria, que se revelou um tiro no pé", declarou.

Há 10 dias, teve início o escândalo da tentativa de compra de um dossiê com documentos que poderiam implicar Serra e o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, com a máfia das ambulâncias superfaturadas.

Luiz Antônio Vedoin, dono da Planam, empresa-pivô da máfia, chegou a denunciar, em entrevista à revista IstoÉ, o envolvimento de Serra, Negri e Pereira no esquema, mas depois voltou atrás em depoimento à Polícia Federal quanto ao candidato ao governo paulista.

Durante o debate, Mercadante também saiu em defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no episódio do chamado "dossiê Serra", afirmando que o candidato à reeleição ao Palácio do Planalto não tinha envolvimento no caso. O senador, no entanto, procurou incluir partidos da oposição no escândalo.

"É inaceitável que militantes do PT tenham se envolvido nesse episódio da compra de um dossiê. Mais grave ainda, e mais doloroso, é ver um assessor envolvido nesse processo", disse o senador, que afastou o coordenador de comunicação de sua campanha, Hamilton Lacerda, por participação no caso.

"Agora, se numa família tão pequena às vezes os pais se surpreendem com as atitudes dos filhos, imagina num partido que tem 800 mil filiados. Mas não é só o PT que tem problema, não. O PSDB e o PFL estão envolvidos nesse episódio dos sanguessugas, e outros partidos também, todos grandes e médios partidos do país."

Os candidatos ao Palácio dos Bandeirantes ainda aproveitaram a primeira oportunidade de debate ao vivo com a presença de Serra, que faltou a eventos na TV Bandeirante e TV Gazeta, para atacar as políticas de segurança e educação do PSDB durante os 12 anos em que a legenda governou São Paulo.

O candidato do PMDB, Orestes Quércia, fez também críticas insistentes ao programa habitacional tucano no período, comparando dados com sua gestão à frente do Estado, entre 1987 e 1991.

"Paralisia do governo de São Paulo", "locomotiva perdida há 12 anos" e "candidato-promessinha" foram expressões usadas pelos opositores de Serra, embora o clima do debate tenha sido de civilidade.

Em termos gerais, os candidatos propuseram alternativas ao regime de progressão continuada (sem reprovação dos alunos) nas escolas do Estado e defenderam o fim da Secretaria de Administração Penitenciária, apontada como uma das causas para o surgimento da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Serra, que tem 48 por cento das intenções de voto segundo a mais recente pesquisa Datafolha, com chance de vitória no primeiro turno, priorizou suas perguntas para candidatos dos partidos menores, como Carlos Apolinário (PDT) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL).

O candidato tucano chegou a defender e a elogiar realizações de Alckmin no governo de São Paulo, assim como Mercadante fez várias referências a avanços do governo Lula.




Fonte: Reuters

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