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Agronegócios
Segunda - 25 de Fevereiro de 2013 às 11:51

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As perdas financeiras impostas à soja mato-grossense equivalem a 35% do valor que deixou de circular no Estado na safra passada em decorrência dos descontos aplicados ao grão. O sojicultor que deveria estar 100% focado no campo está muito preocupado com prejuízos provocados pelas avarias nos grãos, como também, na proporção que poderão ter ao final da safra. Os defeitos, gerados pelo intenso período de chuvas desde meados de janeiro, têm reduzido a qualidade do produto e quanto mais deteriorado e úmido ele chegar à trading, menos ele valerá.

De acordo com estimativas da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja) e do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), cerca de R$ 344 milhões deixaram de entrar na contabilidade dos produtores, ante cerca de R$ 528 milhões de todo o ciclo 2011/12. Em toneladas, as perdas mensuradas em 418 mil t, representam quase 50% das 823 mil t refutadas no ano passado.

A cifra estimada atualmente foi calculada na semana passada quando cerca de 30% da área estava colhida. Se o índice de avarias e descontos continuarem, esta safra poderá encerrar com uma perda financeira de 10%, duas vezes e meia superior ao contabilizado na safra passada, avaliada em 4%. Ou seja, de toda a soja colhida – considerando que tudo foi levado às empresas - 4% dela entrou na conta das compradoras, mas o produtor não recebeu por isso.

Essa conta estranha é explicada pelo volume de descontos aplicados à carga de soja que chega com grandes volumes de grãos avariados e por isso, o produtor, após a classificação por amostragem, pode entregar 30 toneladas e receber valor que não correspondente.

Até o dia 15, cerca de 4 milhões t estavam colhidas e com 418 mil t de desconto, há perda de 10% até o momento. No bolso do produtor o impacto pode ser ainda maior, porque no ano passado o preço médio era de R$ 38,50 e agora, R$ 44,20/saca.

O gerente de Planejamento da Aprosoja/MT, Cid Sanches, conta que de fato o clima contribuiu para a perda de qualidade dos grãos, mas o produtor, por falta de transparência na fórmula que indica o desconto a ser adotado e como será efetivado pelas tradings, fica com a sensação de que está perdendo mais dinheiro do que em anos anteriores.

O dilema da classificação – a falta normas e critérios únicos às empresas – segue tirando o sono do produtor e neste ano com a saca valorizada e custo de produção mais caro, os descontos poderão fazer diferença na hora de contabilizar o lucro.

“Há pelo menos quatro anos a Aprosoja vem tratando do assunto, buscando entendimento, mas quase nada mudou. O que avançamos muito neste período foi conseguir simular de forma mais real possível quanto esses descontos tiraram da economia”. As estimativas foram possíveis por meio de simulações que utilizam os romaneios disponibilizados pelos produtores.

A classificação da soja serve para avaliar o número de impurezas, umidade e avarias (como picadas de insetos, mofo, ardidos, queimados, fermentados, quebrados, brotados, entre outros aspectos) e numa definição própria de cada empresa, os descontos são aplicados na medida em que o grau de tolerância é superado, de 1%, 14% e 8%, respectivamente. O clima irregular desta safra ampliou especialmente a umidade, que de uma média no Estado de 15% a 16% está atingindo até 28%, e as avarias em até 50% de uma carga.

Um ponto observado por Sanches é que mesmo as tradings segregando o pagamento da carga, todo produto fica com ela. “E no que chamamos de blend – mistura do bom com aquilo que tem defeitos – elas chegam a um nível aceitável pelos clientes e ganham 100% sobre o que descontaram do produtor”.






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