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Politica Brasil
Segunda - 25 de Setembro de 2006 às 08:46

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Se comparada à da maioria dos presos brasileiros, é mansa a vida levada por Luiz Antonio Vedoin no anexo da penitenciária Pascoal Ramos, que funciona nos fundos da Gerência Estadual de Polícia de Cuiabá.

Ele passa os dias à vontade, com celas abertas, caminha numa pequena área verde que há dentro do presídio, assiste à televisão e recebe a visita diária de sua mulher.

Apontado como líder da máfia dos sanguessugas, e que estava solto por colaborar com o programa de delação premiada, Vedoin foi detido de novo na sexta-feira dia 15, por tentar vender para petistas um dossiê contra tucanos.

Somente na hora de dormir é que as grades são fechadas no pequeno complexo localizado no bairro Centro América. O empresário divide o espaço com outros três detentos. A cadeia tem apenas oito celas, cada uma com quatro camas, todas com televisão. Nos fundos da cela há um buraco no chão, para ser usado como banheiro, mas a área de convivência da penitenciária oferece instalações melhores, com chuveiros e vasos sanitários, à disposição dos presos.

O pátio em torno do qual estão dispostas as celas tem, além do banheiro coletivo, bancos e mesas onde são feitas as refeições. Diariamente, os presos fazem caminhadas em torno da horta comunitária.

"Tem muito hotel que eu conheço pior do que isso aqui", comparou o advogado de um dos detentos do local.

Visita da mulher

Vedoin passa boa parte do tempo na companhia da mulher, Helen Paula Duarte Cirino Vedoin. Ela se vale da prerrogativa de ser advogada para visitá-lo diariamente -as visitas de familiares só são permitidas às quartas-feiras e aos domingos. Na tarde da última sexta-feira, Helen Paula passou três horas com ele. Ao sair, não quis falar com a Folha.

Embora viva em Cuiabá, a mulher de Vedoin é registrada na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Tocantins e usa a carteirinha para entrar no complexo. Helen Paula, que foi presa e responde em liberdade a processo envolvendo os sanguessugas, é identificada nos autos não como advogada, mas como empresária.

De acordo com o superintendente-adjunto de Gestão Penitenciária do governo de Mato Grosso, José Carlos de Freitas, a miniprisão onde está Vedoin abriga "presos com faculdade, com curso superior, ou detidos em operações de órgãos como Ibama e Polícia Federal". Luiz Vedoin não tem curso superior.

Freitas vai adiante na justificativa: "Colocar uma pessoa como ele, que tem um poder aquisitivo maior, numa prisão comum, vai ser uma dor de cabeça constante para nós. Porque ele vai ser extorquido".

Na prisão, Vedoin é um sujeito reservado. Pouco conversa com outros "reeducandos" -termo com que os funcionários se referem aos presos. Além de receber visita da mulher e dos advogados (já está no terceiro), gosta de assistir à televisão e de ficar deitado, sempre de short e camiseta.

Segundo um outro advogado de um dos detentos, há poucos dias Luiz Vedoin teve uma crise de choro, e um médico que também está preso no complexo teve de ajudá-lo, receitando-lhe calmantes.





Fonte: Folha de S. Paulo

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