Teatro como opção em sala de aula é debatido durante Literamérica
Assim que os espectadores chegaram, se depararam com um palco montado na sala. A professora abriu a oficina fazendo uma breve apresentação do que seria e cedeu o espaço para apresentação da peça ‘Romeu e Julieta’, pelo grupo teatral Mosaico.
Todos os olhos estavam atentos aos movimentos dos atores. A Companhia deixou o tradicional texto de William Shakespeare com uma abordagem nova e abrasileirada. Elementos do folclore nacional estiveram presentes por todo o tempo, como teatro de bonecos e músicas populares.
Ao final da apresentação, o elenco falou um pouco sobre a trajetória do grupo, as dificuldades do teatro em Mato Grosso e discutiram o teatro como instrumento pedagógico, destacando que para o uso dessa técnica, é preciso que os alunos se interessem e gostem da leitura.
Para os atores do grupo, alguns fatores devem ser prioridades na execução da técnica. É necessário que tenha público para estimular os alunos e, principalmente, muita criatividade. Durante a oficina, os atores ensinaram alguns truques para que a técnica seja melhor executada que segue abaixo:
Escolher um bom texto (que desperte interesse nas crianças); aquecimento e relaxamento do corpo; leitura de mesa; leitura dramatizada; montagem da peça e apresentação.
O Grupo
O Teatro Mosaico foi fundado em 1995 pelo ator e produtor cultural mato-grossense Sandro Lucose, quando ainda estudava Artes Cênicas na Escola de Teatro da Universidade do Rio de Janeiro. Ao surgir em 95, o Mosaico era uma companhia formada por atores, diretores e técnicos advindos de diversas regiões do País, e que constituíram uma associação sem fins lucrativos, cuja finalidade era a criação de um campo de trabalho.
Os artistas começaram a primeira produção sem nenhum patrocínio, contando, sobretudo com o investimento e o esforço dos vários profissionais do grupo, sendo que a qualidade e o primor artísticos da obra a ser produzida sempre estiveram a frente das metas.
Sem recursos financeiros que pudessem garantir a subvenção total e /ou parcial do projeto em seu princípio, a produção só teve como saída para o trabalho a utilização de materiais alternativos, reciclando lixo na construção de cenário, figurinos e adereços.
O respaldo pela iniciativa chegou com um total de 16 prêmios em várias categorias, inclusive o de melhor espetáculo, além de indicações e menções honrosas de personalidades das Artes Cênicas brasileiras em festivais e mostras do Brasil.
Agora com sede em Cuiabá, o Teatro Mosaico está constituído exclusivamente por artistas mato-grossenses e mantém a mesma estrutura organizacional, sendo uma associação cultural formada somente por artistas do Estado de Mato Grosso.
O projeto ‘Veja o Teatro’ é o desdobramento de um longo trabalho de pesquisa cênica, sendo esta realização patrocinada pela Brasil Telecom. O projeto possibilitou que o Teatro Mosaico percorre cidades do interior do Brasil e também recebe semanalmente visitas de grupos de estudantes em seu ateliê, para conhecer a sistemática de uma produção profissional, vivenciando o passo-a-passo do ritual diário dos artistas, que desempenham diferentes funções como aderecistas, costureiros, instrutores de dança, músicos e atores.
A peça
Filhos de duas famílias rivais da cidade de Verona, Romeu é um Montecchio e Julieta uma Capuleto, mas nem mesmo a ferrenha rivalidade de suas famílias é capaz de impedir o destino de suas vidas. Ao se conhecerem furtivamente em um baile de máscaras, se apaixonam perdidamente um pelo outro. Casam-se secretamente sem o consentimento de seus pais, mas uma fatalidade os separa, Romeu é exilado e tem que deixar sua amada esposa. Para poder reaver seu amor, Julieta tem que passar por um sacrifício semelhante a morte, porém o plano de fuga dos dois não tem êxito e para poderem ficar juntos para sempre legitimam suas juras de amor com a própria vida.
Romeu e Julieta figura como um dos textos que mais montagens recebeu no teatro mundial, além de receber inúmeras adaptações para o cinema dentre elas a do diretor Franco Zeffirelli (1968), e mais recentemente Romeo + Juliet (1996) do diretor Baz Luhrmann, com Leonardo di Caprio no papel de Romeu e Claire Daines como Julieta. Porém, é realmente no teatro que este texto se realiza. No Brasil, a montagem do Grupo Galpão de Romeu e Julieta (1992) teve tamanha proeminência que foi encenada no ano de 2000 foi no Globe Theatre, em Londres, teatro onde o próprio autor, William Shakespeare montava suas peças.
Nesta montagem da Companhia Teatro Mosaico, a estória de Romeu e Julieta é contada por atores-bufões e que se utilizam bonecos para dar vida aos personagens do clássico shakespeareano. Esta é a primeira investida da companhia em uma montagem que utiliza bonecos de manipulação direta em cena e para esta empreitada contou com o trabalho de Carlos Gattas Pessoa, o premiado “Carlão dos Bonecos” para a confecção dos mesmos.
Desde os tempos medievais, o teatro de bonecos encantava as feiras das cidades. Títere era o nome dado aos bonecos de manipulação com os quais os artistas viajavam pelas aldeias e feiras levando teatro de bonecos aos mais longínquos rincões, o titereiro era um itinerante e está prática teatral se estendeu com bastante ocorrência até o início do século 20. A proposta cênica desta montagem sob a direção de Sandro Lucose, possibilita o retorno desta prática uma vez que a cena é montada diante da platéia. A clássica empanada, característica do teatro de bonecos e a cortina vermelha característica das montagens de Shakespeare estão presentes no cenário da montagem do Teatro Mosaico para Romeu e Julieta.
Característico das montagens do Mosaico, as cantigas populares e folclóricas entremeiam as cenas, além de alguns traços regionais que dão à obra um caráter lúdico e singular que encanta público de todas as idades.
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