MP investiga cooperativa criada por Berzoini
A Cooperativa Habitacional do Sindicato dos Bancários (Bancoop) foi criada há dez anos, quando Berzoini era presidente do sindicato, e desde essa época é controlada pelo seu grupo político - ligado ao Sindicato dos Bancários.
A Bancoop começou coletando dinheiro de bancários para a construção de casas e apartamentos, mas foi muito além do seu plano original. Abriu suas portas a profissionais de outras categorias, atraiu 15 mil cooperados e passou a movimentar R$ 150 milhões por ano. É a segunda maior incorporadora de imóveis de São Paulo.
A Bancoop mexe com o interesse de alguns dos principais dirigentes sindicais, além de contar com recursos de fundos de pensão de estatais. Muitos militantes históricos compraram imóveis na cooperativa. Entre eles está até o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que, segundo a última declaração de bens entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tem um apartamento em construção no Guarujá, litoral paulista.
Fundos de Pensão Os fundos de pensão também têm laços com a cooperativa. Em 2004, a Bancoop criou um fundo de investimentos (FDIC) e correu o mercado financeiro atrás de recursos. Na época, dizia-se que a Bancoop era saudável e queria dinheiro para comprar terrenos e crescer rápido. O fundo arrecadou R$ 43 milhões e a maior parte dos recursos veio de entidades como a Petros (fundo de pensão de empregados da Petrobrás), Funcef (fundo dos empregados da Caixa Econômica Federal) e Previ (dos funcionários do Banco do Brasil).
O que se sabe hoje é que a situação da Bancoop não é - e não era - saudável. Atualmente, a Bancoop tem cinco empreendimentos parados por falta de dinheiro para tocar as obras, está pedindo pagamentos extras aos cooperados e diz que pode até retirar quem já está morando nos imóveis, caso não pague a diferença.
O fundo de investimento criado em 2004 foi renegociado. Agora, os fundos de pensão e outros credores receberão o pagamento em cinco anos, não mais em três. A Bancoop precisa de aproximadamente R$ 60 milhões para equilibrar seu caixa.
Os cooperados, sentindo-se lesados pela direção da Bancoop, entraram com uma avalanche de processos na Justiça. Foram enviadas denúncias à Promotoria do Consumidor de São Paulo, acusando ex-diretores de serem sócios de uma construtora que prestava serviços à cooperativa, além de superfaturamento nas obras. Esta semana, a auditoria Ernst Young começa a checar as contas da Bancoop, a pedido da promotoria.
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