Sem atribuir culpa, Lula fala em erro de Berzoini
Em entrevista à TV Globo nesta manhã, o presidente-candidato procurou justificar o afastamento de seu coordenador de campanha e reforçou que, se comprovada participação na operação, todos os envolvidos "pagarão".
Lula afirmou que a saída do deputado federal e presidente do PT, Ricardo Berzoini, da coordenação da campanha não representa necessariamente culpa.
"Quando afasto um companheiro como o Ricardo Berzoini, não é que eu acho que o Ricardo Berzoini tem culpa ou que ele está envolvido, é porque eu não posso, faltando 10 dias para a campanha, ter como coordenador de campanha um pessoa que vai passar dez dias respondendo sobre dossiê."
Ao mesmo tempo, Lula deixou claro que considera um erro o envolvimento de Berzoini no episódio, ainda que indireto. "O papel do presidente da República é afastar as pessoas, eu não posso julgar e não posso prender. A pessoa cometeu um erro, qualquer que seja ele —pequeno ou grande—, eu afasto. A partir daí é o Ministério Público, é a Polícia Federal, é a Justiça que vai tomar conta."
Berzoini deixou o cargo na noite da quarta-feira, cinco dias depois de um analista da campanha petista ter sido preso com 1,7 milhão de reais para comprar um dossiê que ligaria os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin à máfia das sanguessugas. Para o lugar dele, Lula escolheu o assessor especial Marco Aurélio Garcia, que já atua na campanha como coordenador do programa de governo.
SEM ENVOLVIMENTO
O presidente voltou a classificar o caso como "abominável" e usou seu passado político para mostrar que não teve qualquer participação. "Não faz parte do meu currículo político, não faz parte da minha vida política, que já fiz quatro eleições, ficar procurando coisa da vida dos outros para fazer campanha."
Lula aproveitou a entrevista à TV Globo para reiterar que deseja uma investigação detalhada."Eu quero saber quem é que deu dinheiro, se teve dinheiro, o que é que tem nesse dossiê... por que esse dossiê vale tanto, por que as pessoas se envolveram tanto nessa coisa que para mim não faz o menor sentido, não me ajuda um milímetro na campanha."
O candidato petista questionou mais uma vez os interesses que poderiam estar por trás da divulgação do dossiê contra os tucanos, insistindo que, do seu ponto de vista, não faria sentido, pois sua situação é "altamente confortável", a dez dias das eleições.
A mais recente pesquisa de intenção de voto, divulgada na terça-feira à noite, mostra que, mesmo com o novo escândalo rondando o Palácio do Planalto, Lula mantém a dianteira na corrida presidencial. De acordo com o levantamento feito pelo Datafolha, o presidente-candidato tem 50 por cento das indicações, enquanto seu adversário tucano, Geraldo Alckmin, aparece com 29 por cento.
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