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Cultura
Terça - 19 de Setembro de 2006 às 15:11

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A partir do convite do SESC Arsenal-MT, através do projeto Leitura de Movimentos que tem a finalidade de fomentar a pesquisa, a reflexão e a produção da dança contempôranea, surge o espetáculo OUTROS QUINTANAS, um desafio para a Confraria dos Atores. Sem qualquer formação na área de dança, os atores da companhia buscaram traduzir as sensações e os sentimentos, a livre expressão do corpo num conjunto cênico-literário.

Na dança contemporânea, segundo Nirvana Marinho, o "(...) corpo, movimento e outras propriedades da dança se relacionam de modo que não é mais possível, ou até mesmo necessário, uma definição clara de estilo. O exercício se direciona, então, para a capacidade de relacionar idéias de campos diferentes de maneira coerente, sejam os tipos de linguagem ou a própria gramaticalidade da dança (seu conjunto de caracteres de movimento, espaço/tempo e demais propriedades)".

Da leitura, interpretação dos poemas dos livros "Sapato Florido" (1948) e "Espelho Mágico" (1951) e da pesquisa da vida do autor encontramos um ambiente caracteristico do universo de criação de Mário Quintana: sozinho num quarto, fumando cigarros, bebendo café, escrevendo à lápis, a poesia surge.

A trilha sonora original de Emanuel Vitor - executada ao vivo - foi composta a partir da relação dos movimentos com as tonalidades das interpretações e o ambiente de encenação. Utilizando violão e pandeiro surgiram os timbres e texturas das onze músicas que ora sublinham, ora pontuam, ora permeiam, ora dialogam, ora contrapõem o trabalho de Mário e dos atores.

Seguindo no processo artesanal, o figurino remete à cor, à textura e ao cheiro de café aliado à ideia da vaporosidade da fumaça do cigarro. Foram elaboradas peças exclusivas para cada componente, criando um mosaico têxtil que auxilia na execução e picturização dos movimentos. O público é recebido no quarto estilizado do poeta, repleto de poemas, cigarros e um constante fazer e servir do café, constituindo um cenário paradoxal de aglomerado e solidão. Ambos, figurino e cenário, são tingidos a café.

E é em meio a essa fumaça de café e cigarros que "outros quintanas" se apropriam da poesia para criar movimentos, impressões, sensações e paladares. O desenho do corpo encontra o verbo. Dançando poemas, recitando movimentos e musicando sentimentos a Confraria dos Atores lê Mário Quintana.





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