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Cultura
Segunda - 18 de Setembro de 2006 às 08:52
Por: Raquel Teixeira

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Símbolo da cultura mato-grossense, a viola-de-cocho também é uma das atrações da segunda edição da Literamérica - Feira Sul-americana do Livro, realizada em Cuiabá. Em um espaço na entrada do Centro de Eventos, o público pode conhecer o primoroso trabalho dos artesãos cuiabanos Alcides Ribeiro e Paulo Roberto dos Santos.

Trabalhando esse belo instrumento que está enraizado na cultura de Mato Grosso e é patrimônio cultural, Alcides e Paulo confeccionam as violas com muita habilidade e fino acabamento em madeiras como Sarã e a Mangueira, típicas do Estado, o Cajá Manga, a Chimbúva e o Tamburi. Dessas madeiras, conforme explica Alcides, é retirado o material para trabalhar a viola e de acordo com a cor da árvore consegue-se um instrumento de cor mais clara ou escura.

Depois de confeccionada, a viola ainda recebe um fino acabamento e com um pirógrafo, o artesão entalha cenas da fauna e flora do Cerrado, conferindo exclusividade ao instrumento, pois um desenho geralmente fica diferente de outro.

As técnicas de confecção da viola-de-cocho chamam a atenção de quem passa pelo stand. “É bom ver o interesse das pessoas, pois vendo como a gente faz, o trabalho e o tempo que levam para fazer um instrumento como esse, passam a valorizar mais nossa arte”, diz Alcides que conta com a ajuda da mulher, Leonice Santos.

A arte de confeccionar o instrumento respeita uma tradição familiar de mais de 100 anos. A arte e habilidade foram passadas de avô para o pai, “seo Caetano”, que depois a transmitiu aos filhos Paulo e Alcides. Foi em uma oficina de fundo de quintal, no bairro Dom Aquino, em Cuiabá, que “seo” Caetano começou a trabalhar depois de ver o pai executar o ofício. Hoje seo Caetano já não faz mais as violas, porém ainda acompanha de perto o belo trabalho dos filhos.

“Meu pai, o mestre Caetano, tem 81 anos e ele já via o avô dele fazendo a viola-de-cocho”, contou.

Como instrumento de trabalho, Alcides utiliza um facão para o corte externo e, para fazer a escavação da parte interna, ele usa antigas ferramentas, como o encho goiva e o formão goiva. Por dia, ele fabrica de quatro a cinco peças. O processo todo dura cerca de e entre oito dez dias e inclui o tempo em que o violão fica debaixo do sol para a secagem.

Alcides considera uma grande oportunidade a participação em um evento como a Literamérica , já que lhe propicia bons negócios, além de divulgar a cultura mato-grossense. Nesse ano, Alcides participou do segundo Salão do Turismo, em São Paulo, onde mostrou sua arte e tornou ainda mais conhecida a cultura mato-grossense.

“Tenho uma grande satisfação em produzir um instrumento que toca qualquer ritmo da música brasileira”, diz o mestre sobre o instrumento que em Mato Grosso é utilizado principalmente nas danças tradicionais, como o Cururu, Siriri e a Dança de São Gonçalo.

Além da viola-de-cocho profissional, os artesãos fabricam chaveiros em forma de viola (que compõe o kit lembrança de Mato Grosso) e violas em tamanho troféu vendidas como lembrança.





Fonte: Da Assessoria

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