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Politica Brasil
Quinta - 14 de Setembro de 2006 às 18:00

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Ninguém assume, mas a disputa dentro do PSDB para sucessão presidencial de 2010 está acelerada e deve resultar na maior reformulação do partido desde sua criação, em 1988. A briga pelo controle da legenda levará os tucanos a escolherem entre dois caminhos: ser conduzido a um postura mais oposicionista no futuro ou transferir o centro de poder de São Paulo para Minas Gerais.

Concluída a apuração do último voto destas eleições, as principais correntes dentro do partido darão início a uma guerra fratricida. José Serra, candidato ao governo paulista, e o governador de Minas, Aécio Neves, disputam a indicação da candidatura ao Palácio do Planalto em quatro anos.

"Ainda é muito cedo para projetar 2010, mas o partido deve sofrer uma profunda reestruturação após a eleição, com uma autocrítica necessária. Seria muito bom se novas lideranças surgissem para dinamizar o partido", afirmou à Reuters nesta quinta-feira o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), membro do conselho político da candidatura de Alckmin à Presidência.

Exatamente como será essa "profunda reestruturação", nenhum tucano prefere arriscar nesse momento, mas na esperada maior polarização de sua história, terá mais espaço interno quem conseguir "fazer" o presidente e a maioria da Executiva da sigla, em 2007, e as lideranças na Câmara e no Senado, nos próximos anos.

Ao lado de Serra está o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que trabalha para manter sua ascendência política. Ele quer refundar o PSDB com um caráter mais oposicionista.

Nos bastidores, parlamentares garantem que seu objetivo é assumir o comando da sigla, atualmente nas mãos do senador Tasso Jereissati (CE), que fica no posto até novembro do ano que vem, e facilitar a nomeação de Serra como candidato oficial em 2010.

Do outro lado está Geraldo Alckmin, um nome natural ao mesmo cargo se for mesmo derrotado por Lula. Aécio Neves, hoje um importante cabo eleitoral do herdeiro de Mário Covas, poderia ser seu principal avalista, em troca do apoio estratégico de Alckmin para forçar a "despaulistinização" do PSDB. Os mineiros vêem os próximos anos como a primeira chance de deslocar o eixo de poder tucano para Minas Gerais, o segundo colégio eleitoral do país.

"Esse bate-boca vai crescer tanto que o partido deixará de ser dirigido por dois ou três. Passaremos por um dos momentos mais difíceis de nossa história, mas não vamos nos destruir", disse um importante líder tucano sob condição do anonimato.

"CARTA DE INTENÇÕES"

A carta de 7 de setembro escrita por Fernando Henrique aos eleitores do PSDB foi o prenúncio de suas pretensões partidárias e descortinou a disputa interna pelo comando da legenda. O documento, com críticas internas à atuação do partido diante do escândalo do mensalão, foi acusado por Aécio de desagregador e visto por interlocutores de Alckmin como prejudicial à sua campanha contra Lula.

Oficialmente, todos os membros do partido negam que a atual corrida presidencial esteja contaminada por 2010. Tasso Jereissati reconhece uma rixa interna, mas nega que ela tenha essa inspiração. Para ele, as discordâncias são fruto apenas da diversidade de estrelas políticas que a legenda acomoda.

"Impossível pegar um partido do tamanho do PSDB, com tantos líderes, que fale a mesma língua", contemporizou. Ele admite a possibilidade de continuar presidente se a guerra entre as duas correntes se revelar sanguinária. O senador aceita a polarização, sabe que ela trará mudanças inéditas, mas não o suicídio coletivo.

O governador mineiro tem consciência da difícil batalha pela frente, já que a esfera de poder de Fernando Henrique e Serra é maior e mais capilar que a sua.

Se não conseguir vencer, teria a opção de desembarcar no PMDB. As duas porções do partido, uma governista e outra da oposição, já lhe ofereceram uma vaga no conselho de notáveis da legenda e um lugar cativo em 2010. Aécio só deve avaliar esse caminho se todas as suas apostas estiverem esgotadas no PSDB.

Nesse jogo de quem pode mais, não será apenas o resultado eleitoral deste ano que contará para estabelecer a corrente vencedora. Fatores como quem fará mais aliados na eleição municipal em 2008 e o desempenho dos mandatos estaduais terão peso fundamental. Nenhuma decisão, ou até mesmo um racha definitivo, deve ocorrer antes da definição desses cenários.





Fonte: Terra

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