Orquestra apresentará composições venezuelanas e brasileiras na Literamérica
A orquestra tem trabalhado intensamente para levar ‘música de concerto’ para todas as regiões do Estado e oferecer à população concertos regulares, sempre com novos repertórios, onde o melhor da música universal junta-se aos gêneros mais importantes da música brasileira. Nos últimos concertos da Temporada, em agosto passado, a Orquestra aventurou-se mais uma vez no gênero ‘rasqueado’, prestando uma homenagem à um dos grandes compositores de Mato Grosso, Mestre Albertino, que faria 100 em agosto de 2006. Neste mês, o grande homenageado é Radamés Gnatalli, considerado um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos, que também completaria cem anos de vida em 2006.
Os concertos na Literamérica serão em homenagem a um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos, o gaúcho Radamés Gnatalli. Ele nasceu em 27 de janeiro de 1906 e transitou como poucos entre os universos da música popular brasileira e erudita européia e soube incorporar em suas criações elementos nacionais sem cair no “exótico” e no “popularesco”. Filho de uma pianista gaúcha e de um imigrante italiano foi envolvido desde cedo pela paixão que os pais nutriam pela ópera. Aos 14 anos entrou para o Conservatório de Porto Alegre para estudar piano e violino. Já nesta época, freqüentava blocos de carnaval e grupos de seresteiros boêmios. Estudava para ser concertista enquanto ganhava a vida tocando em cinemas e bailes.
Em 1924, foi para o Rio de Janeiro se apresentar como pianista no Teatro Municipal, executando um concerto de Tchaikovsky, sob regência de Francisco Braga. No início dos anos 30, fez sua estréia como compositor com a apresentação da Rapsódia Brasileira, interpretada pela pianista Dora Bevilacqua. Foi durante este período que começou um forte envolvimento com a música popular. Em 1934 passou a ser o orquestrador da gravadora Victor e dois anos depois participou da inauguração da Rádio Nacional, na qual atuou como pianista, solista, maestro, compositor, arranjador, usando a bagagem erudita no trato da música popular. Permaneceu na Rádio Nacional por 30 anos e criou arranjos antológicos, como Lábios que beijei, gravado por Orlando Silva em 1937, e Aquarela do Brasil, em 1939.
Em 1943 criou a Orquestra Brasileira de Radamés Gnattali, que tocava seus arranjos no programa Um Milhão de Melodias, dando um colorido brasileiro aos sucessos estrangeiros. Para isso, Radamés passou a usar os instrumentos da orquestra de forma percussiva, conseguindo efeitos até então inéditos. Compôs um grande número de concertos e peças sinfônicas que hoje são executadas ao redor do mundo. Faleceu em 1988.
De Radamés Gnatalli, a Orquestra de Câmara do Estado de Mato Grosso vai interpretar a “Suíte Antiga para Cordas”, peça de grande elaboração, em cinco movimentos, que reúne danças barrocas como a ‘gavota’, o ‘minueto e a ‘giga’. O compositor baseou-se na estrutura destas danças antigas, mostrando uma nova abordagem harmônica e melódica. Será a primeira execução desta obra em Mato Grosso.
América do Sul
Outra grande novidade do programa de setembro é a peça “Fuga com Pajarillo”, do compositor venezuelano Aldemaro Romero. A Orquestra segue o trabalho de aproximação com a cultura musical sul-americana. A peça será interpretada para embaixadores, adidos culturais, e diversas autoridades, na abertura da Literamérica 2006, no dia 15 de setembro. Nascido em 1928 em Valencia, Venezuela, o compositor, pianista, arranjador e regente Aldemaro Romero é considerado um dos mais expressivos artistas do país dele. Começou os estudos de música com o pai em 1941.
Os discos bateram recordes consecutivos de vendas, sucesso que o levou a colaborar com grandes orquestras e cantores norte-americanos como Dean Martin, Jerry Lewis, Stan Kenton, Ray Mekin, Machito, Noro, Tito Puente e outros. Foi o criador de uma nova forma de música venezuelana chamada “New Wave”, uma mistura do joropo com bossa-nova. Em 1979 fundou a Orquestra Filarmônica de Caracas, da qual foi o primeiro regente. Como maestro, regeu grandes orquestras em todo o mundo como a London Symphony Orchestra, a English Chamber Orchestra, a Orchestra of the Romanian Radio/TV e a Royal Philarmonic Orchestra. A peça que a Orquestra de Câmara do Estado de Mato Grosso interpretará é uma bem construída ‘fuga’ a partir de um dos tipos de joropo venezuelano, o ‘pajarillo’. A composição une um refinamento extraordinário na escrita polifônica com a força do joropo, o mais importante e característico ritmo da Venezuela.
A Orquestra é uma iniciativa do Governo do Estado de Mato Grosso, através da Secretaria de Estado de Cultura, e tem como apoiadora a Lei Federal de Incentivo à Cultura, e as empresas EPE Pantanal Energia, Bimetal, Nortox, Localiza, Churrascaria Fornari, Hotel Mato Grosso Palace e do Sesc Mato Grosso.
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