Heloísa Helena quer inspirar crianças pobres a fazer política
Heloísa Helena lembrou o significado da sua eleição como senadora em 1998 para a política alagoana e, em especial, para as crianças.
"Lá tinha uma moda de que para ser senador tinha que ser da cozinha do crime organizado ou das famílias dos usineiros", disse a senadora nesta quarta-feira, durante evento na sede da Fundação Abrinq.
"Cheguei no assentamento onde a gente foi comemorar (a eleição em 1998) e encontrei uma menina com o rabo de cavalo preso como o meu. E ela disse: ''Quando crescer eu vou ser senadora feito tu. Esse é o maior presente: dar a ela a possibilidade de dizer que também vai ser senadora... é isso que eu quero continuar a fazer." A candidata do PSOL esteve com mais de 300 filhos de mães e pais pobres no bairro do Grajaú, na zona sul da cidade. Mais contida que o habitual, mas sem deixar sua marca registrada, a blusa branca e a calça jeans —"tenho milhares em casa", disse—, a candidata se limitou a suspirar quando perguntada sobre exemplos políticos que guiaram sua infância pobre no Estado nordestino.
"É tanta coisa... é tanta tanta coisa...", disse ela, cabisbaixa.
A candidata foi a primeira entre os presidenciáveis a assinar uma carta de compromisso com as crianças e adolescentes brasileiros na Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente. Luciano Bivar (PSL), Cristovam Buarque e Geraldo Alckmin (PSDB) devem fazer o mesmo nos próximos dias.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), favorito para vencer a disputa no primeiro turno, firmou o documento em 2002, mas ainda não marcou data para assinar um novo compromisso. A Abrinq deve divulgar em novembro um balanço para mostrar se o governo Lula atingiu ou não as metas previstas na eleição passada.
"MUITO CHATA"
Apesar do costume de se definir como "fofa", "um doce" e "pimentinha só com gente mau caráter", Heloísa prometeu ser "muito chata" para defender as crianças no Palácio do Planalto ou na Universidade Federal de Alagoas, para onde irá, caso seja mesmo derrotada na eleição, já que é professora da instituição.
Estacionada nos 9 por cento nas pesquisas de intenção de voto, atrás do Alckmin e de Lula, a senadora voltou a duvidar das sondagens e se disse confiante para disputar o segundo turno contra o petista.
Segundo membros da campanha, a maior dificuldade a menos de três semanas da votação, é atrair doações apenas de pessoas físicas, uma exigência do PSOL. Nesta semana, o partido enviou e-mails a filiados e simpatizantes pedindo recursos.
A campanha da senadora atraiu apenas 62 mil reais, de acordo com os dados mais recentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e já gastou 60 mil reais, apesar de a senadora se hospedar em casas de militantes e viajar em vôos de carreira.
"Os materiais são muito poucos, geralmente vêm dos candidatos proporcionais. As candidaturas nacionais, estaduais, não têm condições de centralizar material de campanha", disse o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que acompanhou a senadora na sede da Abrinq junto do colega Orlando Fantazzini (PSOL-SP).
Além de companheiro de Heloísa, tanto no PT como no recém-fundado PSOL, Valente também ajuda a senadora a driblar a falta de recursos como motorista: foi ele quem a levou até uma caminhada em Santo André logo em seguida em seu próprio carro.
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