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Internacional
Domingo - 10 de Setembro de 2006 às 10:49

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Bento XVI afirmou hoje em Munique que o Ocidente se acostumou a desprezar Deus e a considerar que fazer isto é um direito de liberdade, mas que este tipo de tolerância não é a que os povos desejam, "já que tolerância significa respeitar aquilo que é sagrado para os outros".

O papa afirmou também que os povos africanos e asiáticos não consideram o cristianismo uma ameaça a suas identidades. Segundo Bento XVI, estes povos se sentem intimidados pelo pensamento ocidental ateu, que tenta se impor a estas culturas.

Joseph Ratzinger fez estas declarações diante de cerca de 200 mil pessoas que, em uma manhã ensolarada, assistiram nos arredores de Munique à sua primeira missa como papa na cidade onde foi arcebispo e cardeal de 1977 até 1981, quando foi chamado a Roma por João Paulo II para se encarregar do ex-Santo Ofício.

Em uma densa homilia, o papa assegurou que o mundo precisa de Deus, mas que o homem "se tornou surdo" para a voz d''Ele, e que "tudo o que se diz a Seu respeito parece anterior à ciência e pouco adequado aos tempos atuais".

O Bispo de Roma afirmou, relatando a experiência de bispos do Terceiro Mundo, que o Ocidente - e especialmente a Alemanha - se dispõe sempre a colaborar com projetos sociais, mas que "surgem reservas" quando se trata de um projeto de evangelização.

Bento XVI assegurou que, no entanto, o bem-estar social e o Evangelho são inseparáveis.

"Levar aos homens apenas conhecimentos, habilidades e técnica é muito pouco, já que imediatamente surge a violência e a capacidade de destruir e matar se transforma na principal maneira de alcançar o poder. Dessa forma, a reconciliação e o compromisso comum pela justiça e o amor ficam cada vez mais distantes", afirmou.

O Pontífice acrescentou que a população da Ásia e da África admira as realizações técnicas e a ciência do Ocidente, mas, ao mesmo tempo, "se assusta com um tipo de raciocínio que exclui totalmente a idéia de Deus e considera que esta é a forma mais sublime da razão e que ela também deve ser imposta a estas culturas".

"Esses povos vêem uma ameaça a sua identidade não no cristianismo, mas no desprezo a Deus e no cinismo que considera o desrespeito do que é sagrado um direito de liberdade e eleva a utilidade a supremo critério moral para o futuro da ciência", assegurou.

Bento XVI ressaltou que esse "cinismo" não é o tipo de tolerância e de abertura cultural que todos os homens desejam.

Segundo o papa, a tolerância de que o homem precisa "urgentemente" inclui o temor a Deus, "que se deve aprender novamente", e o respeito do que é sagrado para os outros. O Pontífice afirmou que esse senso de respeito se regenerará no mundo ocidental "se a fé em Deus crescer de novo, se Deus estiver de novo presente para nós e em nós".

Bento XVI acrescentou que a fé não pode ser imposta a ninguém, que o proselitismo é contrário ao cristianismo e que só se pode desenvolver a fé em liberdade.

Depois de dizer que a justiça e o amor se transformaram em forças decisivas na ordem mundial, o papa reiterou que o mundo precisa de Deus e que "Sua vingança chegará".

"Sua ''vingança'' é a cruz, a negação da violência, o amor até o fim. Este é o Deus de que temos necessidade", assegurou Bento XVI.

O papa também falou sobre problemas sociais, como a aids, e disse que para combatê-la é preciso enfrentar "de verdade" suas causas profundas e curar os doentes com atenção e carinho.

Além dos alemães, também assistiram à missa fiéis de países vizinhos.

Um crucifixo do ano 890, considerado o mais antigo do mundo, ocupava o altar e um sino, dado de presente a Bento XVI quando foi eleito papa, badalou durante a chegada do Pontífice. Bento XVI está em Munique desde sábado, em sua segunda viagem à Alemanha como papa, que deve durar seis dias ao longo dos quais visitará a Baviera, onde viveu sua infância e juventude.

Nesta segunda viagem, o papa visitará também a catedral de Munique, onde no fim da tarde celebrará as Vésperas, da qual participarão crianças em primeira comunhão e famílias jovens.

Na segunda-feira, Bento VXI visitará Marktl am Inn, sua cidade natal, além do santuário de Altötting, Regensburg, em cuja universidade ensinou teologia.

Nesta madrugada, desconhecidos que estão sendo procurados pela Polícia lançaram dois balões de ar cheios de tinta contra a casa onde o papa nasceu. Desde que foi eleito Pontífice, a casa se transformou em lugar de peregrinação de fiéis e de interesse turístico.





Fonte: EFE

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