Alunos jovens e adultos participam de noite cultural
O objetivo da ação foi proporcionar aos estudantes da EJA, momentos de integração com os professores, dando oportunidade de ampliar seus conhecimentos a partir de observações, experiências e comparações entre os grupos em exposições. E ainda discutir e resgatar dentro do contexto escolar os valores culturais e sociais visando o desenvolvimento da aprendizagem com espírito crítico.
O projeto foi trabalhado interdisciplinar e dividido em nove grupos, onde cada um ficou responsável por um tema, o qual faz parte da cultura da região Centro-Oeste: comidas, danças, lendas, músicas, festas folclóricas, fotos, pontos turísticos e bebidas típicas (licores e sucos). Os alunos pesquisaram sobre estes assuntos durante todo o mês de agosto, por meio de bibliografias e entrevistas, e concluíram o trabalho com as apresentações durante a noite cultural.
De acordo com a diretora Denise Baracat a escola procurou incentivar o trabalho em equipe para promover a interação. “O projeto foi muito gratificante, tanto para a escola quanto para eles, pois são alunos que estavam há muito tempo fora das salas de aulas e isso foi um atrativo para buscar o interesse deles pelas aulas”.
Na noite cultural, os alunos fizeram apresentações de danças e músicas típicas (cururu, siriri e rasqueado), e teatro enfocando o falar cuiabano. Além das apresentações, eles também fizeram exposições de fotos e artes que compõem a cultura Mato-grossense e serviram comidas e bebidas típicas: “Mojica de Pintado”, “Maria Izabel”, “canjica”, bolos, doces e sucos de frutas da região.
A aluna Nélia Silva Carvalho, de 33 anos e há 20 sem estudar, explica que a participação nos eventos da escola devolveu a ela o interesse pelos estudos. “Apesar de a escola ficar longe da minha casa, eu me sinto motivada em freqüentar as aulas, pois os professores nos incentivam a continuar estudando e acreditam no nosso potencial”, disse Nélia.
Ela conta ainda que resolveu voltar para a escola por sentir dificuldades na hora de ajudar o filho com as tarefas escolares. “Era complicado quando precisava responder ao meu filho que não sabia o que ele perguntava e que não podia ajudá-lo”.
Cada aluno foi avaliado pelos professores de acordo com a sua participação e desempenho durante as apresentações dos trabalhos. O valor do trabalho será aplicado como nota bimestral. “O tema ‘folclore’ foi um meio que encontramos para fazer um resgate da nossa cultura e valorizar aquilo que temos de bonito”, destacou a coordenadora do projeto, Maristela Ana Magalhães.
O casal Lenilza Luiz da Silva e Marildo Gonçalves da Silva participou do projeto e confessam que o retorno à sala de aula, este ano, depois de oito anos sem estudar, é considerado uma vitória na vida deles. “Eu me casei e deixei de estudar porque não me interessava pelos estudos. Hoje eu me arrependo de ter parado na 8ª série”, relatou Lenilza, observando que agora pretende recuperar o tempo perdido.
Marildo conta que deixou de estudar porque tinha que trabalhar e não conseguia conciliar as duas coisas ao mesmo tempo. “Era difícil me concentrar nas aulas, pois trabalhava durante o dia e estudava a noite e já chegava cansado na escola”, disse. “Hoje eu percebo que um pouco de sacrifício vale a pena, pois o retorno vai ser bem melhor”, finalizou.
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