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Indústria bélica precisa de mais do que promessa vaga de Lula
Na visão de especialistas, a idéia parece até mais um gesto dirigido às Forças Armadas, que governaram o Brasil entre 1964 e 1985, já que o orçamento para grandes projetos é limitado.
"É preciso mantê-los satisfeitos, é tudo uma questão de política, um jogo para satisfazer os militares e os industriais", disse David Fleischer, cientista político da Universidade de Brasília.
No ano passado, o orçamento militar foi ampliado em 14 por cento e atingiu os 32 bilhões de reais, depois de ter sofrido cortes nos primeiros anos do governo de Lula. A maior parte dessa verba é empregada para manter as Forças Armadas, cujo efetivo é de 320 mil homens.
O governo também autorizou recentemente o projeto de uma nova viatura blindada de transporte de pessoal de tração nas seis rodas, o Urutu 3.
Especialistas dizem que, no momento, o Brasil tem condições de arcar com um grande projeto de defesa, e Lula precisa definir uma prioridade, ao invés de tentar agradar a todos com uma vaga promessa de que o setor será reanimado.
"Todos os departamentos das Forças Armadas querem uma indústria bélica que os apóie diretamente, mas a verdade é que não existe capacidade suficiente para tudo", disse o professor Domício Proença, especialista em defesa na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Isso pode significar a escolha entre uma brigada de tropas de paz equipadas com Urutus para cumprir o compromisso do Brasil com relação às forças de paz da ONU no Haiti, a continuação do trabalho no projeto de um submarino nuclear, iniciado há décadas, o reforço da frota no Atlântico Sul ou a monitoração aérea e espacial da floresta amazônica.
Os especialistas dizem que não existe um projeto de força, e tampouco um compromisso firme de adquirir novos equipamentos em quantidade elevada.
"Sem uma proposta explícita quanto à estrutura da força brasileira, tudo isso não passa de sonhos sem fundamento", afirmou Proença.
A plataforma eleitoral de Lula, divulgada na semana passada, também mencionava a cooperação com outros países sul-americanos no segmento da indústria bélica.
Os projetos podem incluir um fuzil de assalto comum sul-americano, barcos de patrulha e um veículo de uso geral aerotransportável, um projeto conjunto entre Brasil e Argentina.
"A cooperação é o sonho do momento, mas existe um problema", disse Proença. "O Brasil tem mais engenheiros e infra-estrutura, de modo que a maioria das encomendas acabaria sendo dirigida a empresas brasileiras. Os demais países não se sentem confortáveis com isso."
ANOS 1980
O setor de defesa do Brasil prosperou nos anos da ditadura, especialmente durante a década de 1980, quando o Brasil exportava centenas de milhões de dólares anuais em foguetes e transportes blindados de pessoal ao Oriente Médio, com destaque para o Iraque, então em guerra contra o Irã.
Os dispendiosos esforços de pesquisa não puderam ser mantidos depois que a democracia voltou ao Brasil, e a maior parte das empresas que formavam a indústria bélica brasileira fechou as portas.
As Forças Armadas demonstram pouca inclinação quanto a retomar seu envolvimento com a política, mas Lula, que liderou protestos contra a ditadura e foi detido por isso, ainda precisa manter os generais satisfeitos, na visão de Fleischer.
"É importante para Lula ter o apoio dos militares, já que estamos ouvindo rumores de que estão muito insatisfeitos com ele, não só devido à insuficiência de verbas, mas também em função dos casos de corrupção", disse o analista.
Lula vem liderando com folga as pesquisas de opinião para a eleição presidencial, apesar de uma série de escândalos de corrupção que abalaram seu governo nos dois últimos anos.
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