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Segunda - 04 de Setembro de 2006 às 15:05

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“Um tapa na cara dos maus cidadãos brasileiros e mato-grossenses”. Assim podemos descrever inicialmente o espetáculo “Abaturité”, dirigido pelo jornalista Luiz Carlos Bennitt e realizado pelas artistas Bia Corrêa (declamadora), Maria Clara Bertúlio (declamadora) e Fafá do Acordeon (Sanfoneira). Com uma simbiose perfeita, que mistura teatro, música, dança e poesia, a peça exprime a indignação dessas três mulheres, cuiabanas de coração e de diferentes gerações, com os problemas enfrentados atualmente no país.

Abaturité, que na língua Karibe do povo Bakairi significa “Mulheres Fazendo Arte”, estará em cartaz em Cuiabá nos próximos dias 15, 22 e 29 de setembro, no espaço cultural Ângela Guedes, localizado na Rua Sírio Libanesa, N 61, Praça Popular, a partir das 19h.

Com direção de arte realizada por Mara Taques e Produção de Carla Colombo, a primeira cena do espetáculo já emociona. Vestidas com um figurino indígena, as três artistas abrem a peça cantando a música Bakairi “Mugaro”. Este canto é muito utilizado pelas índias desta etnia quando vão ao rio para lavarem suas roupas. “Na verdade é um canto dedicado à natureza”, acrescenta Bennitt.

É com este enfoque, na colonização e domínio português no Brasil e as relações conflituais que se estabelecem a partir do contato com os indígenas, que se desenrola toda a primeira parte da trama. A partir das ambigüidades sociais e culturais que existiram nos primórdios da nossa colonização e que ainda persistem nas sociedades brasileira e mato-grossense, as três artistas fazem uma crítica e reflexão, por meio da arte.

A poesia Kiiaverá de Ivens Scaff, declamada no espetáculo, traz e resgata ao público parte da história do nome de Cuiabá. Uma versão que foge um pouco do que é ensinado nas aulas tradicionais e se volta para uma expressão popular indígena, escrita por um poeta cuiabano.

A crítica realizada por Bia, Maria Clara e Fafá não fica pedante nem maçante, já que elas conseguem traduzir a indignação com os problemas sociais de nossa época, de uma maneira leve, gostosa e com base na sensibilidade da alma feminina. “Vamos expor as dificuldades diárias enfrentadas por todos nós. O que queremos é mostrar as desigualdades sociais, como a fome, a miséria e o desemprego de forma poética para tocar no coração das pessoas”, observa Luiz.

No terceiro bloco da peça, as artistas voltam sua atenção à forma de interação entre o amor do homem ao amor que o homem deve ter pela sua pátria. É uma verdadeira lição de cidadania com ênfase na força da arte. Inclusive há um momento em que o Hino Nacional é cantado de uma forma totalmente inovadora. A parte final da peça se encerrará com um pout porri de Fafá do Acordeon.

“Convidamos a todos os amantes da poesia e das artes para conferirem nosso trabalho, que traz em sua essência a valorização da pátria, o sentido do nacionalismo e a busca pela igualdade social”, encerra Bennitt.




Fonte: 24HorasNews

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