PT quer diálogo com Serra e Aécio
No Planalto, prevalece a crença de que nem Serra nem Aécio, caso eleitos governadores de São Paulo e Minas, respectivamente, deflagrarão guerra imediata a Lula em eventual segundo mandato do petista. Nenhum dos dois lados admite abertamente, mas as pontes para um diálogo institucional, com novos interlocutores, começam a ser construídas.
Já há conversas preliminares. O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), mantém boas relações com Serra. Outro petista escalado para preparar o terreno da governabilidade necessária é o deputado Sigmaringa Seixas (DF), ex-tucano. O ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) é mais um aliado de Lula nessa missão, que faz a ponte inclusive com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O ex-ministro Ciro Gomes (PSB), como definem os petistas, "continua amigo do peito de Tasso Jereissati", presidente do PSDB. Outro ministro que tem trabalhado por um diálogo saudável e respeitoso com a oposição, pelo menos a partir de novembro, é Tarso Genro (Relações Institucionais).
A cúpula petista, na figura do presidente da legenda, Ricardo Berzoini, também é favorável, nos bastidores, às relações amistosas com os tucanos.
Em Minas, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, alimenta diariamente o acordo de cavalheiros com Aécio Neves. É com Aécio, aliás, que Lula mantém a melhor relação política. Esse é um fator que pode causar destempero ao grupo de Serra e elevar o tom oposicionista dos tucanos paulistas. Ainda assim, prevalece a seguinte lógica: Serra precisará do apoio federal sobretudo para superar a grave crise de segurança pública no Estado.
Outro novo interlocutor importante que vem acompanhando Lula é o ex-governador Jorge Viana (PT-AC). Cotado para um posto de articulador político num próximo governo, Viana defende abertamente.
Além do pragmatismo político e econômico --Estados precisam de verbas federais para grandes obras--, a cúpula do PT aposta ainda na legitimidade que Lula terá após as eleições. "Qualquer um com pretensão de ser presidente daqui a quatro anos terá de conversar com Lula", avalia um petista.
Para os aliados de Lula, independentemente de qual tucano assuma a partir do próximo ano o controle do PSDB, há chances de costurar acordos mínimos para aprovação de projetos que retirem obstáculos ao crescimento. "Temos que fazer o que for necessário para ganhar a eleição, mas no limite, porque o país continua", acena o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA), ligado a Serra.
No PFL, petistas admitem que o diálogo é mais árido, mas há segmentos flexíveis no partido. O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), reitera que não há nenhum movimento de reaproximação. Mas pondera: "Seja quem for que ganhar a eleição, a necessidade de se sentar à mesa e se encontrar uma saída [para o país] é imperiosa".
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