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Cultura
Segunda - 04 de Setembro de 2006 às 02:54
Por: Luiz Fernando Vieira

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O historiador e articulista Alfredo da Mota Menezes acaba de colocar nas prateleiras o quinto livro, Momento Brasileiro - Do Fim do Regime Militar à Reeleição do Lula (Editora Gryphus). Como o subtítulo denuncia, o autor trata de um período marcante da história do país, um dos mais interessantes em sua opinião. Baseado em experiências e leituras, além de fazer uma análise dos fatos ocorridos nas últimas três décadas, ele formula propostas, como no caso da reforma política, em tramitação no Congresso Nacional.

O livro enfoca um momento de mudanças profundas cujos reflexos estão sendo sentidos hoje. Para Menezes foi realmente um dos recortes de tempo mais trepidantes de toda a trajetória do país. E, em sua análise, uma característica chama a atenção: a política e a economia se entrelaçavam. Na opinião do historiador, é difícil dizer qual fator influenciou mais nas diferentes situações. Houve momentos em que os fatos econômicos ditaram as regras. Em outros, ao não se resolver desentendimentos políticos, a economia é que sofria agudas consequências.

Menezes começa com os últimos momentos do governo autoritário, ainda no mandato de Ernesto Geisel. O regime militar ainda era forte e se criava as chamadas leis casuísticas, como a dos senadores biônicos, voto vinculado, lei Falcão e outras. Depois viria o general Figueiredo para o último governo militar. Não havia mais como manter o país na mão dos militares. Menezes analisa porque eles perderam o poder e aponta: "o problema da economia fez com que a oposição elegesse Tancredo Neves".

O país então vislumbrava um novo horizonte, a transição estava feita. Porém, ele nunca tomaria posse. Em seu lugar assumiu José Sarney, que havia sido presidente do partido do governo anterior. O que provocou o temor de uma volta ao passado. Era o início de um verdadeiro turbilhão de acontecimentos: a alta inflação, os diferentes planos econômicos, a discussão para a nova Constituição, a divisão no PMDB, eleições diretas, casos de corrupções, reação da sociedade, impeachment de um presidente.

Menezes considera que a frustração do povo, associada à questão do problema econômico que não conseguiu resolver, derrubou Collor. O historiador lembra que depois foram vistas ocorrências muito piores, como neste governo, mas a economia sob controle acabou amenizando tudo. É mais uma mostra de como ela se juntou à política para se tornar fator determinante de sensíveis mudanças.

Momento Brasileiro traz também capítulos que tratam dos governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva e fatos da atualidade política brasileira. E ainda, quando possível, traça paralelos entre acontecimentos de uma época com temas de outro momento nacional. Na busca de facilitar a leitura o autor não colocou notas de rodapé ou citações no final do livro ou de cada capítulo. A opção foi por um estudo bibliográfico onde se comenta os livros e artigos que tratam dos diversos assuntos.

Antes, porém, ele apresenta "Ensaio Sobre Política Nacional", onde comenta a reforma política que se imagina será feita, aquela que está no Congresso Nacional já há um bom tempo. "Analiso, vejo pontos positivos e negativos e também estou ousando fazer sugestões para a reforma política que imagino vem em 2007. Acredito que no ano que vem não tem como não passar alguma coisa. Os próprios políticos chegaram à conclusão que não tem mais como adiar", diz.

Menezes apresenta textos curtos e usa a mesma linguagem da coluna que escreve no jornal, "sem academicismos". Outra característica que ele destaca e que distancia o livro de um trabalho acadêmico é a proximidade dos assuntos. "O historiador quer estar longe dos fatos para não ser contaminado, aquele negócio todo. Então a maioria dos citados é jornalista ou cientista político. Porque eles têm que analisar o momento. Por isso, parte da bibliografia é de autores, em sua maioria, desses meios. O leitor vai encontrar referências a gente como Ricardo Noblat, Luis Nassif, Alex Solnik, José Nêumane Pinto, Sebastião Nery, Luiz Carlos Bresser Pereira, Gilberto Dimenstein, Mário Sérgio Conti, Josias de Souza, Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco, entre outros. O próprio autor escreve baseado na proximidade com o assunto, pois durante muitos anos teve participação em atividades partidárias do PMDB e do PSDB.

Alfredo da Mota Menezes tem um PhD em História da América Latina pela Tulane University (EUA), onde também fez o pós-doutorado. Publicou também A Herança de Stroessner: Brasil-Paraguai, 1955-1980 (Papirus); Do Sonho à Realidade: a Integração Econômica Latina Americana (Alfa Omega); Guerra do Paraguai: Como Construímos o Conflito (Contexto) e Integração Regional: os Blocos Econômicos nas Relações Internacionais (Campus/Elsevier). Todos por editoras de fora do estado.

O lançamento oficial do livro será feito no estande da livraria Janina na Literamérica.




Fonte: A Gazeta

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