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Politica Brasil
Quinta - 31 de Agosto de 2006 às 10:45

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Plutão foi rebaixado para uma divisão inferior de objetos do Sistema Solar e ganhou o apelido provisório de planeta-anão, mas a novela sobre o que fazer com ele ainda não terminou. O nome oficial da categoria à qual pertence Plutão só deve ser decidido em 2009, na próxima reunião da IAU (União Astronômica Internacional), diz a astrônoma Beatriz Barbuy, da USP, vice-presidente da organização.

A cientista está entre aqueles que ficaram insatisfeitos com a proposta aprovada na semana passada, que não é aplicável para planetas fora do Sistema Solar. Segundo Barbuy, se a IAU tivesse adotado uma estratégia mais cuidadosa para lidar com o assunto, a reunião de Praga poderia ter terminado com uma decisão mais consensual sobre a definição de planeta. "Isso aconteceu até por erro do presidente da IAU [Ron Ekers, em fim de mandato]".

Segundo Barbuy, a divulgação antecipada da proposta inicial emitida pela IAU --que aumentaria o número de planetas para 12 ou mais-- deveria ter sido submetida a contrapropostas antes de ser divulgada publicamente. Se isso tivesse ocorrido, talvez não tivesse havido uma reação tão forte dos especialistas em ciência planetária, os principais opositores da ampliação.

Definição abrangente

A maior parte dos astrônomos queria uma definição mais geral de planeta, que não demandasse critérios tão específicos como os adotados. Um dos problemas, por exemplo, é exigir que um corpo vagando ao redor de uma estrela tenha de limpar sua órbita (eliminar outros objetos em trajetórias similares) para poder ser chamado de planeta. "Ainda não existe tecnologia para avaliar isso no caso de planetas extra-solares", diz Barbuy.

O ideal, segundo ela, é que fosse adotada uma definição mais abrangente. "A nova presidente, Catherine Cesarsky, queria uma classificação geral, mas o pessoal da área [de ciência planetária] foi tão chato que a questão acabou ficando definida só para o Sistema Solar."

O fato de Plutão ter sido rebaixado não é um problema em si, na visão da astrônoma brasileira. Segundo ela, muitos cientistas não se importam muito com o nome que se dá aos seus objetos de estudo, e isso até acabou fortalecendo a campanha para rebaixar o ex-planeta.

"Isso muda mais para as crianças e para os astrólogos", diz. "Nesse aspecto é até bom, porque não vai ser preciso mudar livros didáticos para incluir mais planetas todos os anos."

Barbuy diz achar improvável que a IAU volte atrás na decisão de rebaixar Plutão, mas acredita que as próximas deliberações sobre o assunto devam ser menos atribuladas. "A idéia é, daqui a um ano, fazer consultas --inclusive ao público-- e evoluir nisso", afirma.





Fonte: Folha Online

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