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Programas eleitorais para perder eleitores
Passados 15 dias do início do horário eleitoral gratuito no rádio e na
televisão, já é possível apontar erros e acertos na comunicação dos
candidatos. E a maioria absoluta dos postulantes, seja ao Governo do
Estado, à Câmara Federal, ao Senado e à Presidência da República, está
equivocada na forma, no conteúdo e no tom dos seus programas.
Na campanha presidencial, a obrigação de "se vender" melhor para os eleitores é dos candidatos que querem destronar o presidente Lula. Tranqüilo em sua condição de líder disparado nas pesquisas - dotado que é de uma capacidade excepcional de impermeabilidade aos escândalos recentes que atingiram a cúpula do PT e seus ministros mais poderosos, José Dirceu e Antônio Palocci, e às acusações de seus adversários - o presidente Lula faz um programa eleitoral que pode ser classificado de "padrão".
Com formato simples, recheado de prestação de contas do que fez de positivo em seu mandato atual, o programa eleitoral do presidente Lula revela apenas a excelência técnica de seus criadores e produtores. O presidente ignora solenemente os ataques dos demais concorrentes e só raramente dispara algumas alfinetadas no PSDB e no PFL. Não está de todo errado em usar esta tática. Mas, também não acrescenta nada aos eleitores, nem mesmo a satisfação de uma resposta mais consistente para as acusações mais graves.
O programa do tucano Geraldo Alckemin, tem a cor e o sabor de uma gelatina de chuchu. O que não é de se estranhar para quem foi educado e vive sob a orientação da ultra-conservadora ordem cristã Opus Dei. Para piorar, Alckemin além de carregar o ônus do mal desempenho dos oito anos de governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, aquele "príncipe" do "ném-nhém-nhêm", ainda tem que arrastar para cima e para baixo os zumbis do PFL.
Por mais que Geraldo Alckemin diga que "é diferente", o que todo mundo vê é que ele não tem musculatura nem carisma para neutralizar o magnetismo pessoal de Lula e menos ainda para realizar, na Presidência da República, um governo diferente daquele feito por FHC, esse sim, a referência contra a qual ele deveria se contrapor.
Já os programas eleitorais de Heloisa Helena e Cristóvan Buarque não têm qualquer ponto positivo. São tecnicamente mal feitos e mal-pensados em seus conteúdos. Falta consistência aos discursos de ambos, que soam como reclamações de parentes frustrados e invejosos, pois a senadora foi expulsa do PT e Cristóvan demitido do Ministério da Educação por incompetência.
Já os candidatos Eymael e Luciano Bivar sequer tentaram sair do papel de figurantes do pleito eleitoral. Seus programas eleitorais, se não existissem, poupariam o eleitor de uma pequena, mas ainda sim bem-vinda, dose de enfado.
Na campanha eleitoral para o Governo do Estado a situação difere muito pouco do que vemos na campanha eleitoral presidencial. O programa do governador Blairo Maggi é uma versão requentada daqueles que foram ao ar na sua primeira incursão eleitoral, em 2002. Sequer mudou a música do gingle. A impressão que passa ao eleitor é de falta de criatividade, na superfície, e de "salto alto" na essência. A repetição do formato, das trilhas sonoras e do tom da "conversa-discurso" do governador insinua preguiça dos criadores do programa e revela uma certa arrogância do candidato, que transmite ao telespectador-eleitor impressão de que já se sente eleito.
Por estar em posição de liderança confortável nas pesquisas, Blairo Maggi tem a seu favor a oportunidade de concentrar em seus programas os dados positivos de sua administração, não perdendo tempo com auto-apresentações de si e de seus aliados para os eleitores. Tem ainda o conforto dado pela inabilidade de seus adversários na exploração dos seus pontos fracos, tanto na condução política do Governo Estadual, quanto nas suas propostas para o segundo mandato. Seus programas, no entanto, são frios, desprovidos de emoção e de vitalidade, essenciais para prender a atenção do telespectador e convencer o eleitor de que está fazendo a coisa certa em dar o segundo mandato à Maggi.
O programa eleitoral do candidato Antero Paes de Barros, por sua vez, é uma autêntica colcha de retalhos. Indefinido no formato, desorientado no tom e antipático no conteúdo. A opção pela estratégia do ataque frontal e sem meias-palavras contra Blairo Maggi tem efeito contrário no inconsciente coletivo. Para o eleitor-telespectador, tal postura revela mais tiques de desespero do tucano e não fragilidade moral, incapacidade gerencial e fraqueza de caráter do governador atacado.
No programa de Antero de Barros, as cores frias (azul esfumaçado) e o sorriso forçado do candidato expõem aos eleitores uma mensagem subliminar de insegurança e mesmo ausência de convicção do candidato no que diz e mostra. Algo que surpreende quando se sabe que é o próprio Antero Paes de Barros quem delineia as abordagens em seus programas eleitorais.
Nos programas eleitorais da candidata do PT ao governo do Estado, senadora Serys Slhessarenko, o que vimos até aqui foi uma sucessão de incongruências, infantilidades e equívocos de abordagem em seus conteúdos. O formato adotado é óbvio, pobre e plasticamente mal-executado. O discurso (conteúdo) tem sido titubeante, inseguro. A presença da senadora no ar não explora o que ela tem de melhor: a espontaneidade no contato com o público e a sinceridade nas suas falas que, nos programas têm soado falsas.
Sabe-se que a falta de recursos financeiros tem pesado na qualidade dos programas eleitorais. No caso do programa da senadora Serys, no entanto, tem transparecido mais a baixa criatividade e o mal-acabamento dos programas, o que tem a ver mais com talento e competência dos criadores e produtores do que com a quantidade de recursos investidos nas filmagens e pós-produção.
Espaço privilegiado para expor idéias, confrontar propostas e conquistar mentes e corações, os programas eleitorais são, nestas eleições, o principal palanque dos candidatos. No entanto, o que temos visto é um aproveitamento basicamente amador, improvisado ou, quando muito, secundário deste espaço pelos principais candidatos, exatamente aqueles que deveriam valoriza-lo e explora-lo em todas as suas potencialidades. Como estão indo ao ar, tanto na televisão quanto no rádio, os programas eleitorais em vez de ajudar a ganhar eleitores, podem levar os candidatos a perderem muitos votos.
*Antonio Peres Pacheco- jornalista, poeta e escritor. e-mail: app.jornalista@gmail.com
Na campanha presidencial, a obrigação de "se vender" melhor para os eleitores é dos candidatos que querem destronar o presidente Lula. Tranqüilo em sua condição de líder disparado nas pesquisas - dotado que é de uma capacidade excepcional de impermeabilidade aos escândalos recentes que atingiram a cúpula do PT e seus ministros mais poderosos, José Dirceu e Antônio Palocci, e às acusações de seus adversários - o presidente Lula faz um programa eleitoral que pode ser classificado de "padrão".
Com formato simples, recheado de prestação de contas do que fez de positivo em seu mandato atual, o programa eleitoral do presidente Lula revela apenas a excelência técnica de seus criadores e produtores. O presidente ignora solenemente os ataques dos demais concorrentes e só raramente dispara algumas alfinetadas no PSDB e no PFL. Não está de todo errado em usar esta tática. Mas, também não acrescenta nada aos eleitores, nem mesmo a satisfação de uma resposta mais consistente para as acusações mais graves.
O programa do tucano Geraldo Alckemin, tem a cor e o sabor de uma gelatina de chuchu. O que não é de se estranhar para quem foi educado e vive sob a orientação da ultra-conservadora ordem cristã Opus Dei. Para piorar, Alckemin além de carregar o ônus do mal desempenho dos oito anos de governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, aquele "príncipe" do "ném-nhém-nhêm", ainda tem que arrastar para cima e para baixo os zumbis do PFL.
Por mais que Geraldo Alckemin diga que "é diferente", o que todo mundo vê é que ele não tem musculatura nem carisma para neutralizar o magnetismo pessoal de Lula e menos ainda para realizar, na Presidência da República, um governo diferente daquele feito por FHC, esse sim, a referência contra a qual ele deveria se contrapor.
Já os programas eleitorais de Heloisa Helena e Cristóvan Buarque não têm qualquer ponto positivo. São tecnicamente mal feitos e mal-pensados em seus conteúdos. Falta consistência aos discursos de ambos, que soam como reclamações de parentes frustrados e invejosos, pois a senadora foi expulsa do PT e Cristóvan demitido do Ministério da Educação por incompetência.
Já os candidatos Eymael e Luciano Bivar sequer tentaram sair do papel de figurantes do pleito eleitoral. Seus programas eleitorais, se não existissem, poupariam o eleitor de uma pequena, mas ainda sim bem-vinda, dose de enfado.
Na campanha eleitoral para o Governo do Estado a situação difere muito pouco do que vemos na campanha eleitoral presidencial. O programa do governador Blairo Maggi é uma versão requentada daqueles que foram ao ar na sua primeira incursão eleitoral, em 2002. Sequer mudou a música do gingle. A impressão que passa ao eleitor é de falta de criatividade, na superfície, e de "salto alto" na essência. A repetição do formato, das trilhas sonoras e do tom da "conversa-discurso" do governador insinua preguiça dos criadores do programa e revela uma certa arrogância do candidato, que transmite ao telespectador-eleitor impressão de que já se sente eleito.
Por estar em posição de liderança confortável nas pesquisas, Blairo Maggi tem a seu favor a oportunidade de concentrar em seus programas os dados positivos de sua administração, não perdendo tempo com auto-apresentações de si e de seus aliados para os eleitores. Tem ainda o conforto dado pela inabilidade de seus adversários na exploração dos seus pontos fracos, tanto na condução política do Governo Estadual, quanto nas suas propostas para o segundo mandato. Seus programas, no entanto, são frios, desprovidos de emoção e de vitalidade, essenciais para prender a atenção do telespectador e convencer o eleitor de que está fazendo a coisa certa em dar o segundo mandato à Maggi.
O programa eleitoral do candidato Antero Paes de Barros, por sua vez, é uma autêntica colcha de retalhos. Indefinido no formato, desorientado no tom e antipático no conteúdo. A opção pela estratégia do ataque frontal e sem meias-palavras contra Blairo Maggi tem efeito contrário no inconsciente coletivo. Para o eleitor-telespectador, tal postura revela mais tiques de desespero do tucano e não fragilidade moral, incapacidade gerencial e fraqueza de caráter do governador atacado.
No programa de Antero de Barros, as cores frias (azul esfumaçado) e o sorriso forçado do candidato expõem aos eleitores uma mensagem subliminar de insegurança e mesmo ausência de convicção do candidato no que diz e mostra. Algo que surpreende quando se sabe que é o próprio Antero Paes de Barros quem delineia as abordagens em seus programas eleitorais.
Nos programas eleitorais da candidata do PT ao governo do Estado, senadora Serys Slhessarenko, o que vimos até aqui foi uma sucessão de incongruências, infantilidades e equívocos de abordagem em seus conteúdos. O formato adotado é óbvio, pobre e plasticamente mal-executado. O discurso (conteúdo) tem sido titubeante, inseguro. A presença da senadora no ar não explora o que ela tem de melhor: a espontaneidade no contato com o público e a sinceridade nas suas falas que, nos programas têm soado falsas.
Sabe-se que a falta de recursos financeiros tem pesado na qualidade dos programas eleitorais. No caso do programa da senadora Serys, no entanto, tem transparecido mais a baixa criatividade e o mal-acabamento dos programas, o que tem a ver mais com talento e competência dos criadores e produtores do que com a quantidade de recursos investidos nas filmagens e pós-produção.
Espaço privilegiado para expor idéias, confrontar propostas e conquistar mentes e corações, os programas eleitorais são, nestas eleições, o principal palanque dos candidatos. No entanto, o que temos visto é um aproveitamento basicamente amador, improvisado ou, quando muito, secundário deste espaço pelos principais candidatos, exatamente aqueles que deveriam valoriza-lo e explora-lo em todas as suas potencialidades. Como estão indo ao ar, tanto na televisão quanto no rádio, os programas eleitorais em vez de ajudar a ganhar eleitores, podem levar os candidatos a perderem muitos votos.
*Antonio Peres Pacheco- jornalista, poeta e escritor. e-mail: app.jornalista@gmail.com
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/278916/visualizar/
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