Astrônomos flagram evolução de explosão de supernova
Os pesquisadores acreditam que tenha se tratado de uma explosão de raios gama (GRB) de intensidade média, chamada de flash de raios X. As explosões de raios gama são as mais poderosas conhecidas pelos astrônomos.
A explosão foi batizada como GRB060218, devido à data em que começou, no dia 18 de fevereiro deste ano, na constelação de Áries, a cerca de 440 milhões de anos-luz da Terra. Um ano-luz equivale à distância que a luz pode percorrer em um ano, cerca de 10 trilhões de quilômetros.
"Isso amplia a conexão da GRB-supernova aos flashes de raios X e a supernovas mais fracas, implicando uma origem comum", disse Elena Pian, do Instituto Nacional Italiano para Astrofísica, em Trieste, e principal autora de um dos quatro trabalhos sobre o evento que foram publicados pela revista Nature na quarta-feira.
O fenômeno marca a segunda explosão de raios gama da história a ser detectada e a primeira vez em que uma supernova é observada no momento da explosão, afirmaram os astrônomos.
Pian e seu grupo confirmaram que a explosão vinculou-se a uma supernova chamada SN2006aj, ocorrida alguns dias depois da erupção, que durou 100 vezes o que uma explosão típica de raios gama costuma durar, mas que foi bem menos intensa.
Alicia Soderberg e sua equipe do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, usaram comprimentos de ondas de rádio e de raios X para calcular a intensidade da GRB060218, de cerca de um centésimo da intensidade das GRBs normais.
Em outro trabalho publicado na revista, Sergio Campana e os cientistas do Instituto Nacional de Astrofísica em Merate, na Itália, também afirmaram que a explosão da estrela estava associada a uma supernova.
Os flashes de raios X aparentemente sinalizam um tipo de explosão que deixa para trás uma estrela de nêutrons, enquanto as explosões de raios gama são consideradas o marco do nascimento de um buraco negro, uma região no espaço da qual nada consegue escapar.
Cientistas liderados por Paolo Mazzali, do Instituto Max Planck de Astrofísica, em Garching, na Alemanha, concluíram que a estrela tinha uma massa menor que a estimada para as GRB-supernovas normais.
"As propriedades da GRB060218 sugerem a existência de uma população de eventos menos luminosos que as GRBs clássicas, mas possivelmente mais numerosos", disse Mazzali num comunicado.
Num comentário publicado na revista, Timothy Young, da Universidade da Dakota do Norte, nos EUA, disse que a pesquisa mostrou que pelo menos algumas GRBs são alertas da explosão iminente de estrelas de grande massa.
"Os quatro trabalhos deixam claro que o objeto que explodiu criou tanto uma onda de choque ligeiramente esférica, típica de uma supernova, e um jato de material característico de uma GRB", disse ele.
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