Cultura pop adere ao ativismo ambientalista

As causas ambientais defendidas por cientistas e organizações de defesa do meio ambiente estão alcançando um público mais amplo pelo fato de ganharem destaque na grande mídia.

O cinema e a televisão britânicos homenagearam Al Gore e David Attenborough no fim de semana por suas recentes contribuições culturais para a discussão sobre o aquecimento global, que atraíram milhões de espectadores.

Enquanto isso, no Brasil, a rede Globo começou este mês a filmar uma minissérie ambientada na Amazônia, visando suscitar um debate global sobre a maior floresta do mundo e seus habitantes.

E um documentarista que criticou a indústria automobilística por impedir a produção de carros movidos a eletricidade foi convidado este mês para o programa cômico de notícias de Jon Stewart, um dos favoritos do público jovem.

A Environmental Media Association (EMA), uma organização sem fins lucrativos com sede em Los Angeles que encoraja a indústria do entretenimento a focalizar causas ambientais, tem visto sua atividade aumentar, conforme avalia pelo aumento no número de candidatos a seus prêmios anuais.

"Em 1989 o meio ambiente era um tema quente, mas então outras causas humanitárias e doenças ganharam prioridade", disse a vice-presidente da EMA, Patie Maloney.

"Nos últimos anos, o meio ambiente voltou a chamar a atenção pública."

Diversas questões ambientais vêm ganhando destaque em alguns dos seriados de TV mais populares. É o caso de carros com alto consumo de gasolina ("The West Wing"), criações de salmões ("Boston Legal"), aquecimento global ("Os Simpsons") e pesticidas ("House").

DAVID ATTENBOROUGH PREMIADO

No sábado, o naturalista de 80 anos de idade David Attenborough foi saudado como personalidade do ano da TV pelos executivos da televisão britânica. Depois de passar décadas produzindo seriados sobre a natureza, este ano ele vinculou os humanos às mudanças climáticas num programa produzido para a BBC.

O filme "An Inconvenient Truth", de Al Gore, se tornou um dos documentários mais populares da história americana, este ano, vendendo mais de 21 milhões de dólares em ingressos.

O ex-vice-presidente americano já proferiu sua palestra sobre transformações climáticas centenas de vezes. Ele contou à Reuters que na semana passada foi convidado a falar do assunto numa telenovela americana.

"Quando a crise climática ganha espaço permanente nas preocupações dominantes de nossa época, isso é uma coisa boa", disse Gore em entrevista concedida no domingo em Edimburgo.

Mas são filmes-catástrofes como "O Dia Depois de Amanhã", que arrecadou mais de 300 milhões de dólares em todo o mundo, que tendem a ser fonte de informação para mais pessoas, e boa parte dos dados científicos que contêm costumam ser exagerados.

Gore disse que vê pouco risco de as questões ambientais serem trivializadas ou de informações errôneas serem difundidas pela grande mídia.

"Do jeito como nossa cultura funciona, as pessoas recebem as notícias dos programas de humor noturno e dos sites de piadas na Internet, então é inevitável que questões tão importantes quanto esta apareçam em todas as partes da cultura", disse ele.