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Politica Brasil
Terça - 29 de Agosto de 2006 às 10:30

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A liderança regional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia ser reforçada num eventual segundo mandato se ele construísse uma relação mais forte com os Estados Unidos, disse um dos principais analistas da América Latina em Washington.

Lula aparece como o candidato favorito nas pesquisas à reeleição na principal economia da América Latina, num momento em que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, amplia sua influência no continente com divisas do petróleo e atrai a atenção internacional com um discurso antiamericanista.

Mas o Brasil poderia modificar esse cenário se buscasse uma aproximação maior com os norte-americanos, disse Peter Hakim, presidente do centro de estudos Diálogo Inter-Americano.

"O mais difícil de entender (para os EUA) foi a necessidade de o Brasil fazer grandes planos com a Venezuela", disse Hakim numa entrevista à Reuters no final da tarde de segunda-feira.

"Todos entendemos por que o Brasil não queria briga com a Venezuela. Essa é sua tradição, manter uma boa relação com os vizinhos, mas não havia a necessidade de abraçar Hugo Chávez a cada dois meses e convidá-lo para participar do Mercosul", acrescentou.

O Mercosul é um bloco comercial composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai e aceitou a Venezuela como membro pleno no último mês de julho.

No final do primeiro mandato de Lula, a anunciada liderança que o presidente Lula buscou obter no continente parece ter sido ofuscada por Chávez, que vem tentando influenciar o cenário político em eleições como na Bolívia, Peru e México.

"No final das contas, parece que a Venezuela domina mais o cenário da América do Sul e da América Latina, mas isso é em parte pelo jogo que (Chávez) decidiu jogar, ganhando publicidade por se opor aos Estados Unidos", disse Hakim.

Para o analista, a diplomacia brasileira deveria reduzir um pouco suas aspirações para o futuro e fixar prioridades, como resolver os problemas no Mercosul e restabelecer boas relações com os outros países da região.

Em relação aos Estados Unidos, o Brasil está tentando manter uma postura positiva na briga por redução de subsídios agrícolas na Organização Mundial do Comércio (OMC) por meio da liderança do G20, o grupo de países que busca eliminar as distorções no comércio agrícola produzidas pelos subsídios a agricultores nos países ricos, indicou Hakim.

Também pode encontrar uma agenda positiva com os norte-americanos na área de energia, já que os Estados Unidos buscam reduzir sua dependência de petróleo e o Brasil tem liderança na área de biocombustíveis.

ERROS E ACERTOS

Hakim acredita que são moeda forte para o país, no âmbito internacional, o respeito que conseguiu com o manejo responsável da economia e a vantagem com que Lula lidera as pesquisas de opinião para a reeleição, mesmo depois do escândalo político como o que abateu o Partido dos Trabalhadores em 2005.

Nessa esfera, o ponto alto para o país foi ser um dos indicados a ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), disse Hakim. Mas a diplomacia brasileira acumula vários fracassos na região também, sendo o principal deles o bloco comercial Mercosul.

"O Brasil não conseguiu resolver o conflito entre Argentina e Uruguai" disse ele, referindo-se as divergências entre os dois países sobre a instalação de indústrias de celulose no lado uruguaio do rio do Prata.

Hakim também menciona que Argentina e Brasil, além das desavenças dentro do bloco, não chegaram a um acordo sobre dar a Lula uma plataforma de liderança para avançar com um acordo comercial com a União Européia.

Outro sinal de "debilidade" seria a atuação em relação à Bolívia, onde o Brasil é o principal investidor na indústria de gás por meio da Petrobras e vem sofrendo, junto com outras empresas estrangeiras, com a nacionalização do setor promovida pelo presidente Evo Morales, uma aliado na proposta socialista de Chávez para o continente.

No âmbito internacional, o Brasil também tentou emplacar, e não foi bem sucedido, em cargos como o de embaixador da OMC em Genebra e a presidência do Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID), em Washington.

"A política exterior do Brasil parece um grande jogo de futebol. Todos os jogadores jogando com destreza, com muita energia e capacidade, mas o time não está fazendo gols", afirmou Hakim.

"De maneira geral, o Brasil mostrou liderança, mas não mostrou resultados concretos".





Fonte: Terra

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