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Domingo - 27 de Agosto de 2006 às 10:04

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Débora Falabella está longe de poder ser classificada como "arrasa quarteirões". Mas é com sua aparência frágil e o jeitinho tranqüilo que a atriz conquistou o reconhecimento profissional. Aos 27 anos, ela coleciona personagens de destaque numa curta trajetória televisiva, caso da protagonista de Sinhá Moça, que interpreta atualmente. "Pesa um pouco ser protagonista, mas o grande barato dessa história é que mesmo eu carregando o nome da trama", disse.

Outros personagens nem nasceram assim tão importantes, mas foram ganhando espaço nas tramas em função do carisma que a atriz demonstra em cena. Como, por exemplo, quando fez crescer a participação da inicialmente insossa como Maria Eduarda, de Senhora do Destino, ou ao defender com maestria personagens mais complexos, como a viciada em drogas Mel, de O Clone.

Bem antes de despontar na Globo, no entanto, a mineira Débora Falabella já estava totalmente seduzida pela arte de interpretar. Isso foi aos 16 anos, quando subiu num palco em Belo Horizonte, cidade onde nasceu e cresceu. Nos últimos tempos, Débora tem se dedicados especialmente ao cinema e esteve em produções como A Dona da História, de João Falcão, e Lisbela e o Prisioneiro, de Guel Arraes.

Estas conquistas, no entanto, não influenciam seu jeito simples de encarar a profissão. Contente com o resultado de seu trabalho, a atriz atualmente valoriza o fato de sua mocinha não passar a novela inteira apenas sofrendo. "Não é uma boazinha que sofre durante toda a trama. Ela tem personalidade. É humana", defende. Leia a entrevista com a atriz:

P - Em Sinhá Moça, você vive sua primeira protagonista na tevê. O título de protagonista pesa? R - Pesa um pouco, mas o grande barato dessa história é que mesmo eu carregando o nome da trama, muitos outros personagens têm grande importância e a novela fica bem dividida. Tem todo o drama da Sinhá, o romance que a envolve, os seus sonhos e ideais. Mas, no meu modo de ver, o Osmar Prado a Patrícia Pilar são tão protagonistas quanto eu. Há também o Danton Melo e o personagem do Bruno Gagliasso, que se destacam muito. Então esse peso de protagonista não fica todo em cima de mim. É claro que no início senti um pouco de medo, mas depois vi que são várias histórias relevantes e a sensação é que compartilhamos a responsabilidade.

P - Ao se preparar para esse papel, você buscou referências na primeira versão de Sinhá Moça? R - Eu não quis buscar essa referência. Se eu fosse fazer uma peça originária de um filme ou um filme inspirado em uma peça, até procuraria analisar o trabalho anterior. Mas como é um projeto feito pelo mesmo meio e produzido pela mesma empresa, o ideal é que realmente seja uma novidade. Fiquei com medo de me influenciar. Acho que se eu visse a Lucélia Santos, com aquele lado dela, político e idealista, eu ia acabar me contaminando e seguindo pelo mesmo caminho. Então preferi que chegasse o texto para eu sentir o personagem à minha maneira. Só agora que a produção já caminhou bastante, tenho vontade e curiosidade de assistir para ver como era.

P - E qual foi a personalidade que você construiu para a sua Sinhá Moça, nesses quase seis meses de produção? R - Os personagens criados pelo Benedito Ruy Barbosa não são só bonzinhos ou só mauzinhos simplesmente. E é principalmente por isso que eu estou adorando fazer a novela. A Sinhá é a mocinha, uma grande heroína, mas comete vários erros, deixa-se levar pelas conversas do pai e mete os pés pelas mãos. Aliás, em determinados momentos, os ideais dela são deixados de lado por essa conexão que ela tem com o pai. Acho legal fazer um personagem que, a princípio, seria uma mocinha, mas que também tem atitudes que as pessoas não concordam. É uma personagem muito humana, que sofre as conseqüências das próprias ações.

P - Tem alguma complicação em fazer tramas de época, como Sinhá Moça ou mesmo JK e Um Só Coração, que você fez recentemente? R - As novelas de época tem um gestual todo diferente e a maneira de pensar é outra. E Sinhá Moça é a novela que faço que é mais distante da gente, pois JK e Um Só Coração tratavam de períodos da história bem mais recentes. Nesse trabalho não tenho referência próxima nenhuma, enquanto nos anteriores busquei informações com meus tios, meus pais, pessoas que viveram aquela época. Nessa novela a gente realmente foge da realidade atual. Tudo era mais devagar, as pessoas tinham muito mais tempo, ninguém ficava estressado por causa do celular ou computador. Isso é o mais diferente para mim. Gravamos em Bananal e lá não pegava telefone, não pegava nada. Senti o tempo de maneira diferente.

P - Lidar com o tempo é uma dificuldade para uma atriz que, como você, concilia projetos na tevê, no teatro e no cinema? R - Esse é o problema da minha vida. Sempre me falta tempo. Se eu faço só televisão, posso ter férias e descanso. Mas eu não consigo. Minha vida sempre foi marcada pelo teatro e pelo cinema. Depois é que veio a televisão. O meu dilema é fazer tevê, teatro e cinema e ainda tentar ter férias. Agora devo dar uma parada na tevê, até porque fiz dois trabalhos seguidos. É bacana ter um tempo de descanso para as pessoas esquecerem um pouco o personagem. Hoje em dia os atores estão atuando em trabalhos cada vez mais próximos. Acho isso ruim porque você não desliga. Enfrentei um pouco esse problema, porque as pessoas ainda falavam da Sara, de JK, quando a Sinhá entrou no ar.

P - Superexposição e o posto de protagonista de telenovela costumam andar juntos. Como você encara o assédio do público e da mídia? R - Quanto mais naturalidade você tiver com as pessoas que chegam para conversar, melhor. É muito ruim os outros enxergarem você como algo muito especial. Sei que tem todo um glamour que envolve a tevê mas, sinceramente, tenho minhas dúvidas se hoje isso é maior ou menor do que em épocas anteriores. Essas revistas de fofoca trazem fotos dos artistas em tantas situações que deve ficar difícil para as pessoas acreditarem no personagem que o ator incorpora. Agir de maneira natural é a melhor forma de desmistificar todo o glamour. E é claro que às vezes é um pouco chato as pessoas ficarem olhando, reparando o que você está fazendo. Cansa, mas levo isso com tranqüilidade. Acho que foi o teatro que nunca me permitiu e até hoje não deixa eu me iludir com pequenas vaidades. Não sou uma atriz de televisão. Sou uma atriz de teatro, tevê e cinema. Quando você só trabalha em um meio e ele envolve todo um universo de ego e vaidades, isso se torna atraente para quem não tem os pés no chão. A pessoa ganha uma exposição exacerbada e deve ser difícil mesmo administrar. Mas quando você trabalha no teatro, acaba perdendo esses interesses. Tem de batalhar para produzir suas coisas, ver quando ficará pronto o cenário, ajudar a arrumar o palco. É um mundo mais artesanal. No meio de uma peça, não dá para se preocupar se o seu cabelo está bom. Não é isso que importa.

P - Mesmo com as gravações quase diárias da novela, você ainda tem disposição para batalhar por seus projetos teatrais? R - Eu fiz dois trabalhos com um mesmo grupo e aí quase se formou uma companhia. E são amigos que têm as mesmas vontades que eu. Estamos captando e pretendemos fazer uma peça baseada no texto O Continente Negro, do autor chileno Marco Antonio De La Parra. Isso deve acontecer mais para fevereiro ou março do ano que vem e, portanto, tenho um tempinho de descanso.

Garota de resultado Débora Falabella se orgulha da meteórica história que está construindo no cinema. Isso porque ela acha que o mais comum no Brasil é os filmes alcançarem sucesso de crítica ou de público, mas raramente conciliam esses dois resultados. Mas as produções que a atriz participou conseguiram esse feito.

Em seu currículo constam títulos como Lisbela e o Prisioneiro, Cazuza e A Dona da História. Mas Débora defende que o melhor de tudo é ficar feliz com o resultado. "É claro que a gente torce pelo sucesso de público e crítica. Mas o mais importante é se sentir bem e satisfeita ao ver a conclusão do projeto", esclarece.

Em 2007, a atriz vai adicionar mais uma obra em sua carreira cinematográfica. Seu nome já foi confirmado no elenco de O Primo Basílio, que será dirigido por Daniel Filho, que também comandou a minissérie na Globo, em 1988. As gravações do longa começam já em outubro deste ano. Ainda na pele de Sinhá Moça, Débora já se prepara para encarar a Luísa idealizada pelo escritor português Eça de Queiroz. "Como na novela minha personagem já foi construída, dá para ir pensando na composição da Luísa", antecipa, toda empolgada.

Reencontro com Minas Quando Débora saiu de Minas Gerais, em 1998, para morar no Rio de Janeiro e fazer Malhação, sofreu um grande choque. "Encontrei aquela juventude carioca, mais solta e expansiva. Era difícil para uma mineira", confessa.

As oportunidades de trabalho foram pintando, a atriz muito apegada à família ganhou mais independência e a carreira se solidificou. Mas em um projeto recente, durante a composição da personagem Sara Kubitschek, da minissérie JK, a atriz pôde reencontrar suas raízes mineiras. "O mais bacana foi que a reconheci como mineira mesmo. Como algumas tias minhas chegaram a conhecê-la, pude ouvir histórias muito íntimas", revela.

Trajetória televisiva # Malhação (Globo, 1998) - Antônia # Chiquititas (SBT, 2000) - Estrela # Um Anjo Caiu do Céu - (Globo, 2001) - Cuca # O Clone (Globo, 2001) - Mel Ferraz # Um Só Coração (Globo, 2004) - Raquel Rosenberg # Senhora do Destino (Globo, 2004) - Maria Eduarda # JK (Globo, 2006) - Sara Kubitschek # Sinhá Moça (Globo, 2006) - Sinhá Moça





Fonte: TV Press

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