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Politica Brasil
Sábado - 26 de Agosto de 2006 às 08:04
Por: Maurício Munhoz Ferraz

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Durante o ciclo de vida médio do ser humano, em torno de 70 anos, por quantas rupturas ele passa? No plano pessoal, as mortes de entes queridos, as conquistas profissionais, o casamento, são alguns exemplos de ruptura. Na visão de mundo, ou na formação da ideologia (falsa consciência, como dizem), os acontecimentos políticos, as guerras, a formação escolar também provocam rupturas.

Apesar das constantes transformações pelas quais todos passam, as pessoas costumam ver o mundo de uma forma bastante conservadora. Por ser assim, grande parte das sociedades aceitava a escravidão, enquanto elas entendiam que tal sistema era importante economicamente.

Aliás, a compreensão do modelo econômico que vigora na sociedade é sempre o mais conservador dos conceitos. Quem controla o poder econômico tem o controle das informações, assim alastra-se a idéia de que aquele é o melhor modelo para a sociedade.

Mudar a ordem das coisas, no sentido de compreender o modelo econômico de nossa sociedade, significa olhar o mundo por outra ótica.

É claro que eu poderia continuar esse texto avaliando as culturas da soja e do algodão em Mato Grosso, e quais os benefícios ou malefícios elas trazem à nossa sociedade. Porém, escolhi tratar o tema “Amazônia”.

Vamos ver o modelo de ocupação da Amazônia por uma ótica que proponho: vamos chamá-lo de modelo “perde-perde”. a) às riquezas exploradas na Amazônia concentram renda nas mãos de poucos; b) os garimpos, a extração de madeira, e a pecuária( com grandes áreas derrubadas e utilização da queimadas) destroem a natureza, colocando em risco uma de nossas maiores riquezas, a água; c) além disso, temos a energia elétrica utilizada na Amazônia e a utilização extensiva de agrotóxico (principalmente empregado no avanço da cultura da soja pela região) como grandes consumidores da mercadoria “petróleo”, que também provoca grandes danos a natureza pelo resto do mundo.

Existem muitas outras formas para se ver a Amazônia. Uma delas, ainda sobre o prisma econômico é o modelo do “ganha-ganha”. Nesse modo de produção, apresento a idéia de fomentar o biodiesel, a partir da mamona, em pequenas propriedades (rompendo com a noção de que apenas a grande propriedade é viável), que através do cooperativismo produz biodiesel em grande escala, através de pequenas usinas, gerando energia elétrica e “petróleo não fóssil”.

Com a produção dessa mercadoria de primeira necessidade, os agricultores têm um grande poder de estabilidade. Se as mini-usinas fazem parte de um ambiente econômico harmonioso, não há pressão danosa aos preços. Assim se prospera a cultura da mamona, mantendo o homem no campo com qualidade de vida, pois é possível consorciar em um mesmo sítio, várias culturas, como arroz, palmito, dentre outros.

A produção da mamona pode ser feita no que já está desmatado hoje. Ela, em solo Amazônico, dispensa pouco uso de agrotóxico. Além disso, ela pode ser usada em grandes áreas degradas pela pecuária, como fator de recuperação do solo.

Enfim, o biodiesel através da mamona pode contribuir com a utilização de outras culturas, para se mudar a matriz energética mundial, como substituição do petróleo fóssil. O biodiesel cria um ciclo não nocivo a natureza, sem emissão de gazes poluentes, como temos hoje.

Resumi essas idéias em um trabalho, em conjunto com o deputado Riva, e participei de um concurso internacional, promovido pelo Banco da Amazônia. Recebi o primeiro prêmio, juntamente com outros dois trabalhos. A comissão julgadora foi formada por Fritjop Capra (autor do livro que virou filme, Ponto de Mutação); Norberto Odebrecht, dono da construtora Odebrecht; Mirian Vilela, da Carta da Terra; Sergio Moreira, ex-presidente do Sebrae; e Miguel Krgsner, dono de O Boticário. O trabalho esta disponível nos sites www.kgmcomunicacao.com.br e www.bancoamazonia.com.br.





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